Milhares de pessoas foram às ruas das principais cidades brasileiras, nesta terça-feira (3) para protestar contra a possível concessão do habeas corpus preventivo ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Supremo Tribunal Federal (4). A Corte vai julgar o caso nesta quarta-feira (4).
Em menor número, militantes também realizaram atos em defesa da liberdade do petista.
As manifestações mais numerosas foram realizadas em São Paulo, no Rio de Janeiro, em Porto Alegre e em Curitiba, sede da 13ª Vara Federal, que condenou o petista por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do triplex no Guarujá (SP). Em janeiro deste ano, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), em Porto Alegre, confirmou e aumentou a pena para 12 anos e um mês de prisão.
Com recursos na 2ª instância esgotados, o ex-presidente pode ter seu encarceramento decretado pelo juiz Sergio Moro caso o STF mantenha seu entendimento mais recente – favorável a execução provisória de pena.
Porto Alegre
Em Porto Alegre, a manifestação começou por volta das 18h, no entorno do Parque Moinhos de Vento, o Parcão. Os participantes ocuparam os dois lados da Avenida Goethe, entre as ruas 24 de Outubro e Mostardeiro, provocando o bloqueio total do trecho para o trânsito de veículos. O evento foi encerrado às 20h30min.
São Paulo
Em São Paulo, o protesto, convocado por grupos que lideraram os atos de rua pelo impeachment de Dilma Rousseff, se concentrou na Avenida Paulista e durou cerca de duas horas. De verde e amarelo, enrolados na bandeira do Brasil e com "pixulecos" - bonecos infláveis que retratam Lula com roupa de presidiário — nas mãos, os manifestantes entoavam gritos de "Lula na cadeia" e "Moro, Moro", em referência ao juiz Sérgio Moro. O ato obrigou a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) a fechar o tráfego nos dois sentidos em toda a extensão da avenida.
Integrantes do Movimento Brasil Livre (MBL) disseram que irão pedir impeachment de ministros do STF se a Corte conceder habeas corpus ao ex-presidente. Em discurso no carro de som, a líder do Vem Pra Rua, Adelaide Oliveira, questionou:
— Dona Rosa Weber julgou 57 HCs e ela recusou todos. Será que ela vai ter a cara de pau de aceitar o do Lula?.
O ministro Gilmar Mendes foi alvo de ataques:
— Ele já conhecemos — disse Adelaide,
— Muda conforme o réu.
Rio de Janeiro
No Rio, a chuva não impediu que centenas de pessoas se reunissem na Avenida Atlântica. Vestidos de verde e amarelo, os manifestantes entoaram músicas e gritos pedindo a prisão do petista, como "Lula na Papuda, o Brasil não é igual a Cuba" e "a nossa bandeira jamais será vermelha". Uma bandeira verde-amarela gigante onde estava escrito "Lava Jato" foi estendida.
A manifestação foi convocada pelo movimento Vem Pra Rua e chegou a ocupar as duas pistas da orla entre as ruas Xavier da Silveira e Miguel Lemos. O trânsito foi interrompido até as 21h. A manifestação de Copacabana não foi a única do Rio. Um outro ato reuniu cerca de mil pessoas, segundo a PM, em Icaraí, em Niteroi.
Curitiba
Em Curitiba, o grupo de manifestantes se reuniu em frente ao prédio da Justiça Federal. A manifestação também foi marcada por repetidas execuções do Hino Nacional, palmas para o juiz Sérgio Moro, pausas para orações e discursos nacionalistas.
Belo Horizonte
Em Belo Horizonte, manifestantes a favor e contra a prisão de Lula realizaram protestos em duas praças distantes cerca de 800 metros uma da outra, ambas na região centro-sul da cidade. Na Praça da Liberdade, a manifestação foi realizada por grupos a favor da prisão de Lula. Já os apoiadores de Lula se concentraram na Praça Afonso Arinos. Os organizadores da manifestação não divulgaram estimativa de participantes.
Fortaleza
Em Fortaleza, a manifestação que pedia a prisão de Lula foi realizada na Praça Portugal, no centro. Em Manaus, a Avenida Djalma Batista, uma das principais da capital amazonense, foi fechada por manifestantes contra a concessão do habeas corpus a Lula. O ato foi marcado por críticas ao líder petista e clamor aos ministros do Supremo Tribunal Federal. Um dos manifestantes que tentou saudar o Regime Militar do alto do carro de som foi interrompido. Em Brasília, um temporal caiu na hora prevista para acontecer ato contra Lula. Nova manifestação está marcada para hoje.