Com a rotina da carceragem da Polícia Federal de Curitiba convulsionada desde a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em meio a protestos e assédio da imprensa internacional, o Departamento Penitenciário (Depen) do Paraná já conta com uma alternativa de transferência para o petista.
O diretor do Depen paranaense, Luiz Alberto Cartaxo Moura, afirmou à agência Folhapress que Lula poderia ser abrigado no Complexo Médico Penal de Pinhais, que acomoda presos da Lava-Jato desde 2015 em uma unidade afastada do perímetro urbano. É lá que se encontra, por exemplo, o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha.
Uma das opções seria a sexta galeria do complexo, que hoje aprisiona 13 condenados da Lava-Jato. Mas as autoridades de Curitiba também já mandaram preparar um outro espaço — uma sala de sete por quatro metros, com cama, banheiro, mesa, cadeira e janela externa — que poderia ser utilizado pelo ex-presidente.
— O espaço para ele está pronto. Isso existe. Ele terá prerrogativas de ex-presidente. Ele pode optar pelo convívio ou pelo não convívio (com outros presos), porque não sabemos as consequências das inimizades que ele possa ter lá dentro. Então se ele quiser ficar isolado ou se quiser ter um ou dois companheiros de cela é possível também. Quem vai decidir isso (ficar sozinho ou com outros presos) é ele e a defesa dele. Na Polícia Federal ele não tem possibilidade de estudar, possibilidade de trabalhar, possibilidade de ter remissão pela leitura (abatimento de dias de pena a cada livro lido). A área que ele ficaria seria absolutamente segura — declarou Moura à Folhapress.
A procura por outro lugar para Lula teve início com o desconforto manifestado por policiais federais desde que o ex-presidente foi detido. A presença de manifestantes contrários e favoráveis ao petista, que transtorna a vizinhança e o ambiente de trabalho dos policiais, motivou um pedido de transferência ao juiz Sérgio Moro.
Enquanto uma decisão não é formalizada, por garantia o Depen do Paraná já providenciou o espaço para onde Lula seria encaminhado. Cunha é apontado por Moura como uma das "lideranças" dos detentos da ala dos crimes envolvendo corrupção e outros delitos não violentos:
— Eles têm as lideranças lá. Hoje parece que é o Cunha e o André Vargas (ex-deputado federal) que dão as cartas, e todo mundo obedece e cada um faz o seu papel para ficar tudo limpinho e organizado lá.