Em pré-campanha à Presidência da República, Jair Bolsonaro (PSL-RJ) declarou que o Exército estará pronto para "salvar a pátria" e classificou os movimentos de esquerda como "muito mais preparados" do que em 1964, ano do golpe militar. Segundo colocado nas pesquisas de intenção de voto, o deputado federal discursou para empresários e policiais na Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Novo Hamburgo, Campo Bom e Estância Velha, no Vale do Sinos, no início da tarde desta sexta-feira (6).
— O Exército não é capacho de ninguém. Se tiver de salvar a pátria, como salvou em 64, tenho certeza de que não se furtará de sua missão — declarou Bolsonaro.
Antes de uma palestra de uma hora para associados e convidados que lotaram o auditório da entidade, o deputado respondeu a perguntas da imprensa. Questionado sobre a instabilidade provocada pela iminente prisão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), demonstrou preocupação com a possibilidade de "derramamento de sangue":
— Espero que esse pessoal de esquerda não queira levar o Brasil para algo grave a partir das 17h, porque estão havendo ameaças se (Lula) se entrega ou não. Não sei como está o movimento de militantes embaixo do prédio do Lula, no sindicato... Ele tem de ser conduzido. Agora, imagine que haja uma quantidade enorme de militantes. Quem vai buscar esse cara? A Polícia Federal não tem efetivo. Vai o Exército. O que pode acontecer se atirarem na gente? A gente vai atirar pra lá? Vai ter derramamento de sangue? A gente não quer isso.
O pré-candidato também mencionou os bloqueios de estradas feitos pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em protesto à ordem de prisão de Lula. Mais uma vez, comparou o atual momento político do país ao período militar:
— Temos um quadro de instabilidade, sim, mas essa esquerda que está aí é muito mais preparada do que a esquerda de 64, que entrou na luta armada em 66. Eles não vão entregar essa rapadura facilmente.
Bolsonaro estava acompanhado do deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM-RS) — apoiador da pré-candidatura e responsável pela agenda do presidenciável no Estado — e da presidente do PSL gaúcho, Carmen Flores, e cercado de amplo esquema de segurança. Durante a visita, a Rua Joaquim Pedro Soares, em frente à associação, foi isolada pela polícia e somente pessoas autorizadas podiam ingressar no perímetro demarcado.
Seis viaturas da Brigada Militar (BM), três da Guarda Municipal e uma da Polícia Civil estavam estacionadas nas imediações do prédio. Ao menos 22 policiais militares, incluindo homens do Pelotão de Operações Especiais (POE), acompanharam a passagem do parlamentar pela cidade.
O esquema contou com revista na entrada da associação. Do lado de fora, concentraram-se pequenos grupos de manifestantes em apoio e protesto a Bolsonaro. Não houve incidentes.
Na quinta-feira (5), o pré-candidato havia passado por Caxias do Sul. Na Serra, visitou um quartel da BM, palestrou para empresários e encontrou-se com apoiadores. Depois do discurso em Novo Hamburgo, retornou para o Rio de Janeiro.