Semanas depois da repercussão de denúncias envolvendo assédio sexual cometido contra servidoras pelo prefeito de Não-Me-Toque, Armando Carlos Roos (PP), a prefeitura proibiu o uso de celular particular durante o trabalho. A Ordem de Serviço 004/18, de 20 de abril, passa a valer a partir de quarta-feira (2).
Conforme o documento, somente poderão ser utilizados celulares públicos disponibilizados pela prefeitura, essencialmente para atendimento do serviço público. Em casos de ligações particulares de urgência, os servidores poderão utilizar telefones fixos das repartições.
A assessoria de imprensa da prefeitura de Não-Me-Toque nega que a medida tenha relação com as denúncias de assédio sexual envolvendo o prefeito. Conforme o Executivo, a ideia já era planejada pelo prefeito para melhorar a qualidade do serviço público e evitar que as pessoas usem o celular durante o expediente, focando no trabalho.
Ainda conforme a assessoria de imprensa, serão oferecidos armários para que os funcionários guardem os celulares particulares – enquanto isso não acontece, os aparelhos deverão ser armazenados em gavetas. Os secretários municipais deverão fiscalizar o cumprimento da medida, e os servidores que não se adequarem estarão sujeitos a processos administrativos, conforme a prefeitura. A reportagem solicitou uma entrevista com o prefeito e aguarda retorno.
Denúncias de assédio sexual
As denúncias de assédio vieram à tona no começo de abril com a gravação de um vídeo gravado por uma servidora. A Polícia Civil investiga dois casos. O primeiro é referente a uma servidora que procurou a polícia afirmando que o prefeito a rebaixou de cargo, fazendo com que ganhasse menos, por não aceitar um pedido de cunho sexual feito por ele. A vítima contou que estava sendo ameaçada.
O segundo caso é de uma funcionária que trabalhava em um cargo comissionado. De acordo com a denúncia, em troca da vaga, o prefeito teria pedido favores sexuais à mulher. Ela gravou conversa com o suspeito em que ele sugere que a vítima o acompanhe até o apartamento dele. Posteriormente, ela foi desligada da prefeitura, e também recebeu ameaças por um perfil não identificado no Facebook. As duas tiveram deferidos mandados de proteção no âmbito da Lei Maria da Penha.
Posteriormente, foi feita uma terceira denúncia na polícia, mas a vítima optou por não representar contra o prefeito e, portanto, a Polícia Civil não pode seguir com a investigação. O delegado Gerri Adriani Mendes afirma que os casos seguem sendo apurados pela Polícia Civil – o primeiro está mais avançado, e o segundo aguarda autorização da Justiça para investigação, já que o suspeito tem foro privilegiado.
Contraponto
Após a repercussão das denúncias, o prefeito divulgou nota em que afirma ter sido "surpreendido" pelas denúncias. Segundo ele, "a suposta vítima utilizou-se da confiança do prefeito para gravar o referido vídeo, e somente um ano depois vem a público divulga-lo, após a sua exoneração". Na manhã desta sexta-feira (27), a assessoria de imprensa informou que o prefeito não está se manifestando sobre o assunto.