O presidente Michel Temer esteve presente no Congresso Nacional em Valparaíso, no Chile, para participar da cerimônia de posse do presidente eleito do Chile, Sebastian Piñera, que assume o cargo pela segunda vez. O presidente brasileiro chegou com atraso ao local e entrou depois do presidente chileno.
A vitória do conservador Piñera, em dezembro, confirmou a guinada do continente à direita, depois que Mauricio Macri assumiu o poder na Argentina, Michel Temer, no Brasil, e Pedro Pablo Kuczynski, no Peru.
Temer chegou acompanhado do ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes. A primeira-dama Marcela Temer não está presente. Também havia sido convidado e constava na lista inicial o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que, no entanto, decidiu não ir. O presidente retorna ainda hoje para Brasília e não vai participar do almoço que acontece após a transmissão de cargo. Os presidentes da Argentina, Mauricio Macri, da Bolívia, Evo Morales, e do México, Enrique Peña Nieto também participam da cerimônia.
Quando Piñera venceu as eleições, em dezembro, o presidente brasileiro cumprimentou o colega chileno por telefone e desejou "pleno êxito" no comando do país. "O Brasil e o Chile são países amigos, que têm excelentes relações. Trabalharemos juntos para fortalecê-las ainda mais", escreveu Temer na ocasião.
Piñera derrotou Alejandro Guillier e volta a ocupar o Palácio de La Moneda quatro anos depois, substituindo novamente a presidente Michelle Bachelet. O empresário de 68 anos, candidato conservador, obteve mais de 54% dos votos. O senador Guillier, que reuniu apoio das principais forças da esquerda chilena, ficou com 45% dos votos. O político de centro-direita terá, porém, de negociar bastante com o Legislativo, onde não terá maioria.
Mudança. Na semana passada, a apenas seis dias do fim de seu mandato, Bachelet apresentou um projeto de lei para modificar a Constituição do país, que data de 1980. O projeto terá de ser analisado pelas novas autoridades que tomam posse neste domingo.
Entre os valores centrais do texto apresentado por Bachelet estão "a dignidade, a liberdade, a igualdade, a solidariedade e o respeito aos direitos fundamentais de todos os seres humanos", teria dito a presidente, segundo o jornal El País.
O chileno Diario Financiero afirmou que a proposta também simplifica normas para a criação de empresas públicas. Já a reportagem do El País diz que a proposta busca garantir certos direitos, como o acesso à saúde e à educação. Além disso, é contemplada também a extensão do mandato presidencial de quatro para seis anos, mas sem a possibilidade de reeleição imediata.
Relações comerciais
De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, o Brasil é o principal destino dos investimentos chilenos no mundo, com estoque de US$ 31 bilhões, e seu primeiro parceiro comercial na América do Sul. O Chile, por sua vez, é o segundo parceiro comercial do Brasil na região, com intercâmbio comercial da ordem de US$ 8,5 bilhões, em 2017. Os dois países assinaram, em 2015, Acordo de Cooperação e Facilitação de Investimentos e, atualmente, negociam acordos de compras governamentais e de serviços financeiros.