A assessora que estava no mesmo carro em que a vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco (PSOL) foi morta relatou uma abordagem suspeita pouco mais de uma semana antes do crime. Segundo a testemunha, cerca de 10 dias antes do ataque, que também vitimou o motorista Anderson Gomes, uma funcionária da parlamentar foi abordada de maneira ameaçadora por um homem em um ponto de ônibus, segundo o jornal O Globo, que teve acesso ao depoimento da vítima à polícia.
A sobrevivente informou que o suspeito perguntou, em tom ameaçador, se ela trabalhava com a vereadora. Na ocasião, a funcionária estranhou o tom do questionamento e o fato de o homem saber do vínculo entre ela e Marielle.
No entanto, a assessora disse que a vereadora, em nenhum momento, comentou sobre eventuais ameaças sofridas. A sobrevivente disse que Marielle recebia muitas denúncias de moradores, principalmente da área de atuação do 41º Batalhão de Polícia Militar (BPM), onde atuou como coordenadora da comissão sobre a atuação de milícias e violência policial.
A testemunha do crime também relatou aos investigadores que não percebeu a perseguição dos criminosos. A vereadora teria falado "ué?", segundos antes dos disparos, no momento em que ingressavam na Rua João Paulo I, local da execução. O motorista teria dito apenas "ai" após ser baleado.
A assessora afirmou que teria se abaixado na tentativa de se proteger e Marielle caiu sobre ela. Ela também disse que teve de acionar o freio de mão para parar o carro e pedir socorro a populares.
Segundo O Globo, a testemunha afirmou que a vereadora costumava sentar no banco do carona, mas naquele dia decidiu ficar no banco traseiro do veículo para ajudar a assessora na escolha de fotos do evento que haviam participado momentos antes do crime.
Mensagem
Em uma rede social, a assessora fez um desabafo um dia após a morte da vereadora:
"Estou viva. Mas a alma oca. A carne, ainda trêmula, não suporta a dor que serpenteia por dentro, num looping sem fim. Minha amiga, na tentativa de calarem a sua voz, a ampliaram ensurdecedoramente, em milhares de bocas. Para sempre. #MarielleVive", escreveu.