O presidente da Fecomércio, Orlando Diniz, disse em depoimento à Polícia Federal (PF) não lembrar do valor pago ao escritório de Roberto Teixeira, advogado e compadre do ex-presidente Lula. O Ministério Público Federal (MPF) investiga o repasse de R$ 180 milhões da entidade para bancas de advocacia. A força-tarefa da Lava-Jato do Rio afirma que Diniz usou verba pública federal "sem critério e sem controle" para se manter à frente do Sesc/Senac.
No depoimento, prestado após ser preso, Diniz foi questionado sobre o motivo de ter contratado o escritório e sobre o valor repassado à banca.
"Contratou o escritório Roberto Teixeira, que não se recorda do valor pago, mas este está em contrato arquivado junto à entidade. Os pagamentos realizados ao escritório de Roberto Teixeira, inicialmente foram feitos pela Fecomércio e os seguintes foram rateados com Sesc/Senac", disse.
Danielle Paraiso de Andrade, ex-mulher de Diniz, foi diretora jurídica e diretora de governança do Senac e também prestou depoimento aos investigadores. Ela relatou que em 2011 houve um pedido de intervenção do Sesc nacional e também abertura de procedimento no Tribunal de Contas da União.
Segundo Danielle, em 2012, durante uma reunião no Senac, um advogado disse que o problema era político e indicou o escritório de Teixeira "como capacitado para manter Orlando na presidência do Sesc e Senac Rio".
A ex-mulher de Diniz disse que soube depois que a "entrega teria sido viabilizada por Álvaro Novis", que seria doleiro do presidente da Fecomércio. Diniz afirmou no depoimento que "Álvaro Novis seria o pai de uma amiga de seu filho".
"Álvaro Novis não estabeleceu qualquer tipo de contato de natureza comercial com o declarante", disse.
Novis é delator da Lava-Jato. Em sua colaboração, o doleiro relatou que Orlando Diniz tinha uma conta administrada por ele sob o codinome "Leblon" e entregou uma planilha com créditos e saques.
Na sexta-feira (23), o Teixeira, Martins e Advogados se manifestou desta forma:
O Teixeira, Martins & Advogados presta serviços jurídicos à Federação do Comércio do Rio de Janeiro (Fecomércio-RJ), entidade privada de representação dos comerciantes daquele Estado, desde 2011 em caso de alta complexidade, como pode ser verificado nos sites do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, do Superior Tribunal de Justiça, do Supremo Tribunal Federal e do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro. O escritório não comenta assuntos relativos aos seus clientes ou honorários advocatícios contratados, que são protegidos por sigilo legal. O escritório tomará todas as providências cabíveis em relação à divulgação e manipulação desses dados pelo Ministério Público Federal.