A delegada de Polícia Federal Luciana Matutino Caires, responsável pela Operação Cartão Vermelho, deflagrada nesta segunda-feira (26), relatou que a empreiteira Odebrecht entregou dinheiro na casa da mãe do ex-governador da Bahia Jaques Wagner, no Rio. O petista foi alvo de mandado de busca e apreensão da operação e teve a residência e o gabinete na Secretaria de Desenvolvimento Econômico do governo do Estado, em Salvador, vasculhados.
A PF suspeita que Jaques Wagner tenha levado R$ 82 milhões de valores desviados das obras do estádio Arena Fonte Nova.
– A maioria das vezes em espécie, entregues através de um representante da empresa da Odebrecht, o Sr. Claudio Mello Filho. Através de prepostos, não era o Sr. Jaques Wagner que recebia de forma direta. A exceção da entrega que foi feita na casa da mãe do Sr. Jaques Wagner, no Rio de Janeiro – afirmou.
– Um empresário da Odebrecht entregou dinheiro, segundo as delações, na casa da mãe dele (Jaques Wagner), por indicação dele. Ele deu o endereço da mãe para que fosse entregue lá – disse a delegada.
Segundo o superintendente Daniel Justo Madruga, da PF na Bahia, a entrega do dinheiro na casa da mãe do ex-governador ocorreu porque "os doleiros aqui em Salvador não teriam capacidade de entregar tal quantia e por isso teria sido feito um pagamento no Rio de Janeiro".
– Os demais pagamentos foram feitos através desses intermediários e a maior parte através de doações de campanha. Isso conforme as delações e alguns outros elementos de prova que temos nos autos – afirmou Madruga.
Wagner governou a Bahia entre 2007 e 2014. A investigação mira irregularidades na contratação dos serviços de demolição, reconstrução e gestão do estádio da Copa 2014. A Polícia Federal identificou que "a licitação que culminou com a Parceria Público Privada nº 02/2010 foi direcionada para beneficiar o consórcio Fonte Nova Participações - FNP, formado pelas empresas Odebrecht e OAS".
Contraponto
O advogado de Wagner, Pablo Domingues, afirmou que o petista está "absolutamente tranquilo". O criminalista classificou as suspeitas da PF como "factoides" e "inverdades".
— A gente ainda não teve acesso integral ao inquérito. Do que a gente tem conhecimento, é que esses valores são valores feitos de modo aleatório, há uma fragilidade na elaboração dessas contas. São factoides, são inverdades. Ele está muito tranquilo com relação a isso, porque jamais houve essa situação — afirmou.