O relator da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPI) da JBS, deputado Carlos Marun (PMDB-MS), decidiu que irá retirar de seu parecer final os pedidos de indiciamento contra o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot e o seu ex-chefe de gabinete, o procurador Eduardo Pelella.
Para tentar aprovar o relatório, Marun decidiu transformar o pedido de indiciamento em uma recomendação para investigação. A mudança contou com atuação direta do líder do governo no Senado, senador Romero Jucá (PMDB-RR).
— Eu revi alguns pontos do relatório. Transformo os pedidos de indiciamentos dos senhores Eduardo Pelella e Rodrigo Janot em pedidos de investigação ao Ministério Público Federal. Tem gente que vai dizer que isso não vai dar em nada. Não penso assim. Foram fundamentais para a decisão que tomo as palavras da procuradora-geral da República, Raquel Dodge — afirmou Marun.
Na terça-feira (12), Raquel disse que irá analisar o relatório da CPI da JBS.
— Não me cabe fazer consideração sobre a intenção, o que posso lhes dizer é que, quando receber os documentos, haverá análise adequada no momento oportuno — afirmou a PGR.
Futuro ministro da Secretaria de Governo, Marun alterou o texto de seu parecer com o objetivo de conseguir aprovar o relatório. A retirada dos pedidos de indiciamento era uma demanda de parlamentares do PSB, PDT, Solidariedade e PSDB. O grupo é minoria no colegiado e não possui os votos suficientes para barrar o parecer.
Marun admitiu que o fato de se tornar ministro de Temer foi levado em conta na hora de alterar seu parecer.
— Não posso desconhecer o fato de que amanhã (quinta-feira) assumo como ministro de Estado da articulação. Sou daqueles que defende a independência e a harmonia entre poderes como exigência do processo democrático. Não há como nós tentarmos avançar uma democracia se declarada está uma guerra entre poderes — ponderou.
O relator manteve em seu texto, no entanto, os pedidos de indiciamento contra o ex-procurador Marcello Miller, o executivo da J&F Ricardo Saud e os irmãos Joesley e Wesley Batista.