O deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS), vice-líder do governo na Câmara dos Deputados e um dos homens da tropa de choque de Michel Temer, reforçou, na noite desta terça-feira, que o PMDB irá fechar questão a favor da reforma da Previdência. Em entrevista ao programa Estúdio Gaúcha, da Rádio Gaúcha, o peemedebista afirmou que a decisão de apoiar Temer ocorreu "naturalmente dentro do partido". Perondi disse que o governo conseguiu contornar o cenário adverso em relação à emenda constitucional após corpo a corpo do presidente da República com parlamentares no último domingo (3).
— A tendência virou. Na semana passada, era uma tendência de baixa (a expectativa de aprovar a proposta de emenda à Constituição, PEC). Depois das duas reuniões fortes que o presidente fez no domingo, as coisas começaram a andar de maneira organizada — afirmou Perondi.
Segundo o parlamentar, hoje, o governo estima ter entre 260 e 270 votos a favor da aprovação da reforma da Previdência — são necessários 308 votos para a proposta passar pelo crivo dos deputados. Nos cálculos do Planalto, cerca de 100 deputados estão indecisos em relação ao tema. Nos próximos dias, a tropa de choque e o presidente devem reforçar a busca por apoio. O deputado gaúcho destacou que o governo vai trabalhar em regime de plantão no próximo final de semana para garantir os votos necessários para aprovar a proposta.
— Vamos trabalhar sábado e domingo. O plantão será na casa do presidente e no Alvorada. Queremos votar no dia 12, que é na terça-feira.
Perondi destacou que o governo pretende aprovar o texto em primeiro turno na terça, quebrar o interstício necessário para a votação em segundo turno no mesmo dia e votar a emenda pela segunda vez já na quarta-feira (13). Após esses dois turnos, a PEC segue para o Senado. O governo tenta acelerar o processo para homologar a proposta ainda neste ano.
Ouça a entrevista na íntegra:
— Se tudo der certo, homologa neste ano mesmo e já está funcionando ano que vem. — afirmou, destacando que não tem certeza se o Senado vai conseguir aprovar a PEC ainda neste ano.
O presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), disse nesta terça-feira (5) que não há mais tempo para a votação da reforma na Casa. O tema, segundo Eunício, só deve ser apreciado pelos senadores em 2018. Para Perondi, se a proposta não for aprovada pelo Congresso, o impacto será significativo.
— Não passando (a PEC), será dramático. Volta a inflação, para o crescimento, os investidores não virão — comentou.
Executiva nacional do PMDB se reúne nesta quarta
O presidente do PMDB, senador Romero Jucá (RR), convocou reunião da executiva nacional do partido para esta quarta-feira (6), para as 16h. A expectativa é de que o fechamento de questão em relação à proposta seja oficializado.
O fechamento de questão é uma decisão tomada pela maioria da executiva nacional de um partido. Quando isso acontece, parlamentares que votarem de forma diferente ao que determinou a direção da legenda podem ser punidos até mesmo com a expulsão. Há também o fechamento simbólico feito pelas bancadas no Congresso. Nesse caso, porém, não costuma haver punição.
— Fechar questão é o mínimo que o partido do presidente da República pode fazer para garantir a estabilidade — disse o líder do PMDB na Câmara, deputado Baleia Rossi (SP).
O governo espera que o fechamento de questão do PMDB tenha um "efeito manada", ou seja, leve outros partidos da base aliada a também fecharem questão. Governistas acreditam que partidos como PP, PTB e PRB poderão seguir o exemplo e fechar questão. O PSDB marcou reunião para esta quarta-feira para tratar do assunto, mas, segundo o líder da sigla, Ricardo Tripoli (SP), não deve haver deliberação.