A ex-senadora Marina Silva (AC), fundadora e líder da Rede Sustentabilidade, apresentou neste sábado (2) sua pré-candidatura à Presidência da República para a eleição de 2018. O lançamento ocorreu em ato partidário em Brasília, em encontro do chamado Elo Nacional, que equivale ao diretório da legenda.
O nome de Marina ainda precisa ser aprovado no congresso nacional da Rede, previsto para ocorrer em abril de 2018. Durante o encontro, foi lida uma mensagem que pedia a indicação de Marina. Além disso, 23 convenções estaduais aprovaram moções de apoio à candidatura.
— Obviamente que não estaríamos aqui para dizer um "não". O compromisso, o senso de responsabilidade, sem querer ser a dona da verdade, me convoca para este momento — disse Marina, que já foi candidata à Presidência em 2010, pelo PV, e em 2014, pelo PSB, após a morte de Eduardo Campos.
A ex-senadora não citou nominalmente nenhum dos seus possíveis adversários, mas criticou indiretamente o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) por prometer distribuir fuzis para fazendeiros enfrentarem o MST. Marina ainda fez avaliação negativa do governo do presidente Michel Temer. Ela disse que a recuperação econômica é lenta e que o país precisa de reformas distintas das que o Palácio do Planalto está propondo.
— Um governo com 3% de aprovação não tem como construir reformas importantes, até porque as reformas importantes não são essas — afirmou, no momento em que Temer tenta emplacar a reforma da Previdência.
Para ela, a crise política foi causada por PT, PSDB e PMDB. Agora, entende, o eleitor deve reagir na urna.
— O melhor presente que a sociedade (deve dar) para os partidos que criaram essa crise é um sabático de quatro anos — discursou.
A acriana reconheceu que será uma campanha difícil, com dificuldades para fazer alianças eleitorais que robusteçam a candidatura. A Rede é um partido pequeno e que, ainda assim, enfrenta o risco de perder dois — Alessandro Molon (RJ) e Aliel Machado (PR) — dos seus quatro deputados na Câmara.
Marina ficou em terceiro lugar nas duas últimas eleições presidenciais. Em 2010, teve crescimento surpreendente no primeiro turno, chamado à época por ela de "onda verde", alcançando cerca de 19 milhões de votos. Já em 2014, depois de não conseguir registrar a Rede em tempo hábil, era candidata a vice-presidente na chapa liderada por Eduardo Campos (PSB). Se tornou o nome à Presidência depois da trágica morte de Campos em acidente aéreo. No primeiro turno, nas semanas que sucederam o episódio, Marina chegou a liderar pesquisas de intenção de voto, mas, sob ataque do PT, perdeu força e acabou ficando fora do segundo turno, obtendo pouco mais de 22 milhões de eleitores.
Gafe com Aécio
Após a ex-ministra Marina Silva anunciar a sua pré-candidatura à presidência em 2018, a organização da Rede Sustentabilidade cometeu uma gafe e deixou tocar o jingle do segundo turno da campanha de 2014 de Aécio Neves. Quando a versão de Agora é Aécio tocou, entretanto, a pré-candidata já havia deixado o local.
Após ficar em terceiro lugar na campanha em 2014, Marina Silva decidiu apoiar o tucano no segundo turno contra a petista Dilma Rousseff, que acabou se reelegendo. Recentemente, a ex-ministra tentou minimizar sua aliança com o tucano e afirmou que apoiou a "agenda programática" dele.