Convocado por um movimento separatista, um plebiscito informal consultará a população sobre a divisão dos Estados do Sul do resto do país neste sábado (7). Ao todo, 3.043 urnas serão espalhadas em 963 cidades do Paraná, de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul.
O "referendo", chamado de Plebisul, foi organizado pelo grupo O Sul É o Meu País e ocorre sem qualquer validade legal. Trata-se de uma consulta para que a população manifeste sua opinião sobre o controverso assunto.
No Estado, cerca de 400 municípios receberão as urnas e cédulas com a pergunta: "Você quer que Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul formem um país independente?". Os locais de votação em cada cidade podem ser conferidos no site da inciativa — somente em Porto Alegre, serão 34. O "eleitor" pode participar entre as 8h e as 20h.
Esta será a segunda edição do plebiscito. No ano passado, 95,3% dos 617 mil "eleitores" optaram pelo "sim". Coordenador geral do movimento, o jornalista Celso Deucher convoca inclusive os contrários à ideia para se manifestarem:
— No ano passado, o pessoal do "não" nem foi às urnas... É apenas uma pesquisa. Estamos pedindo a opinião das pessoas, porque sabemos que separar o país é inconstitucional. Mas a população deve expressar sua vontade.
Para conquistar a sonhada separação, o grupo percorre os caminhos legais. Os sulistas que participarem serão convidados a apoiar um projeto de lei de iniciativa popular para a realização de um plebiscito oficial em 2018, junto com as eleições. O movimento espera chegar a 3 milhões de assinaturas.
Estamos pedindo a opinião das pessoas, porque sabemos que separar o país é inconstitucional
Celso Deucher
Coordenador geral do Plebisul
Na consulta popular, não é preciso se identificar. Para garantir que ninguém vote mais de uma vez, o grupo adquiriu, após teste em laboratório, uma tinta que demora ao menos 24 horas para sair da pele. Portanto, o único requisito para participar será permitir que pintem o dedo indicador da mão direita de azul.
Segundo Deucher, 5 mil ativistas auxiliavam na organização do movimento até a semana passada. Depois do referendo na Catalunha, ocorrido no último sábado (30), o número disparou para 35 mil pessoas. Todos são voluntários.
Por meio de doações e vaquinhas online, o grupo ainda desenvolveu um sofisticado sistema. Em um site especial, a apuração dos votos poderá ser acompanhada em tempo real. O resultado ainda passará por auditoria de um escritório paulista e, às 23h, deve ser divulgado. Ao todo, o Plebisul custará ao O Sul É o Meu País R$ 36 mil.
— Criamos um sistema eleitoral quase perfeito — comemora Deucher.