Em mais uma tentativa de se reaproximar do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o presidente Michel Temer telefonou nesta quinta-feira, 19, para ele. Temer agradeceu o empenho de Maia para a aprovação do projeto de lei que aumenta o poder de fogo do Banco Central e da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para punir crimes no sistema financeiro. Aprovada nesta quarta-feira, 18, a proposta também permite que o BC e a CVM firmem acordos com empresas e bancos para reduzir a punição, em troca da colaboração com as investigações.
Na semana passada, Maia havia reclamado de manobra do Palácio do Planalto para que não fosse votada uma Medida Provisória com teor semelhante. Para acalmar o presidente da Câmara, às vésperas da votação da segunda denúncia contra Temer no plenário da Casa, por obstrução da Justiça e organização criminosa, o governo autorizou a substituição da MP por um projeto de lei, apresentado pelo deputado Pauderney Avelino (DEM-AM).
"O Brasil agora tem uma lei moderna para punir crimes no sistema financeiro", disse Avelino, que é aliado de Maia. O texto-base do projeto recebeu 197 votos favoráveis, 60 contrários e seis abstenções e agora seguirá para o Senado.
Temer aproveitou a oportunidade para cumprimentar Maia. No fim da tarde desta quarta-feira, após conversar com o presidente, no Planalto, o deputado havia demonstrado irritação com rumores de que tinha ido lá para tratar do rito da denúncia, a ser votada em plenário no próximo dia 25. Em nota, Maia afirmou que a reunião ocorreu a convite de Temer "para esclarecer episódios recentes que deram margem a incompreensões" e cobrou esclarecimentos de quem havia disseminado a "falsa versão" sobre o encontro.
Nesta quinta, o presidente procurou apaziguar os ânimos e logo cedo telefonou para Maia. Quem conversou com Temer disse que ele está confiante na derrubada da denúncia no plenário, embora integrantes da base aliada observem que, desta vez, o peemedebista deverá ter menos votos. Em 2 de agosto, quando o então procurador-geral da República Rodrigo Janot apresentou a primeira acusação contra Temer, por corrupção passiva, o governo obteve o apoio de 263 deputados e conseguiu arquivá-la.
Ainda nesta quarta-feira, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara aprovou relatório do deputado Bonifácio de Andrada (PSDB-MG) favorável a Temer, rejeitando, por 39 votos a 26 e 1 abstenção, a segunda denúncia de Janot contra o presidente. Desta vez, os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência) também são alvos da investigação.