Em um dos áudios que podem invalidar a delação da JBS, os executivos Joesley Batista e Ricardo Saud afirmam que um homem apelidado de "Zé" poderia "organizar o Supremo (Tribunal Federal, o STF)" para salvá-los. Segundo a revista Veja, que divulgou parte das gravações, "Zé" seria o ministro da Justiça no governo Dilma Rousseff José Eduardo Cardozo.
Saud, em determinado trecho, diz que "eles (investigadores da Lava-Jato) vão dissolver o Supremo". Em seguida, Joesley afirma que é preciso acionar o STF para poupá-los.
– Eu vou entregar o Executivo e você vai entregar o Zé – diz Joesley. – Vou ligar para o Zé e dizer para ele trabalhar conosco, para organizarmos o Supremo, ver quem temos no Supremo. É nossa única chance de sobreviver, ver quem o Zé influencia. Vamos entregar o Judiciário e o Executivo. O Legislativo já se fodeu, a Odebrecht moeu o Legislativo. Vou dizer, "Zé, a casa caiu, preciso de você" – afirma.
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"Pera aí, o Supremo, não"
Em outro trecho do áudio, Joesley diz que Fernanda (segundo a Veja, a advogada Fernanda Tórtima) teria "surtado" com a possibilidade de implicar o STF na delação premiada.
– A Fernanda surtou por quê? Porque a Fernanda entendeu que somos muito mais e podemos muito mais. E aí até a Fernanda perdeu o controle. Ela falou: "Nossa senhora, pera aí, calma, o Supremo, não. Pera aí, calma, vai foder meus amigos" – diz o executivo da JBS.
Em seguida, ele acrescenta que, após a delação, ambos irão "salvar a empresa".
– Nós vamos sair lá na frente, vamos sair amigos de todo mundo e não vamos ser presos. Pronto. E vamos salvar a empresa – afirma.
Traquinagens
Joesley, em tom leve, fala sobre como precisará contar à esposa, a jornalista Ticiana Villas Boas, sobre as "traquinagens".
– A Tici é uma mulher inteligente... Imagina quando eu tiver que contar as minhas traquinagens? Porque eu vou ter que contar, né? Uns 10 minutos antes de sair no Jornal Nacional – afirma, entre risadas.