O homem de rosto redondo apontado como responsável pelo apartamento onde foram encontradas malas e caixas entupidas de dinheiro costuma chorar ao comentar investigações que responde e atende pelos apelidos de Suíno e Boca de Jacaré. Em cinco fatos, conheça Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), ex-deputado aliado de longa data de Michel Temer.
Chorão
Em delação premiada, o ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht Cláudio Melo Filho contou que o ex-ministro era "chorão" ao pedir contribuições para campanhas eleitorais. Segundo o empresário, Geddel reclamava para receber valores acima do combinado.
Para além da figura de linguagem, também é conhecido por derramar lágrimas facilmente. Chorou ao comentar a denúncia de que teria pressionado o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero para liberar uma construção em Salvador, ao ouvir que ficaria preso por tempo indeterminado após ser detido em julho e em depoimentos durante a CPI do Orçamento, em 1994.
Suíno, o colega de Renato Russo
O ex-ministro foi colega de Renato Russo em escola particular em Brasília, na primeira metade dos anos 1970. Na biografia do músico, publicada em 2009, o autor, o jornalista Carlos Marcelo, contou que o artista não gostava de Geddel e o apelidou de "Suíno". "Ele é in-su-por-tá-vel!", dizia Renato, proibindo o aspirante a político de participar de seu grupo de amigos.
Boca de jacaré
Mensagens obtidas pela Polícia Federal (PF) no celular de Fábio Cleto, ex-vice-presidente da Caixa e delator na Lava-Jato, mostraram que o doleiro Lúcio Funaro chamou Geddel de "boca de jacaré". "Ele é boca de jacaré para receber e carneirinho para trabalhar e ainda reclamão", escreveu Funaro. Era uma referência à gula do ex-ministro nas negociações. "Esse cara acha que eu tenho uma impressora", reclamou o doleiro.
Anão no orçamento
Em 1993, quando era deputado federal, Geddel foi citado no escândalo dos Anões do Orçamento, episódio em que parlamentares foram acusados de manipular emendas em benefício de empreiteiras. Depois, foi inocentado na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigou o caso.
Fiel escudeiro de Temer
A ascensão de Michel Temer à Presidência também representou o apogeu de Geddel em Brasília. Expoente do seleto grupo do PMDB que desde os anos 1990 detém da confiança do presidente, passou a integrar o núcleo duro do governo e foi alçado a ministro da Secretaria de Governo. Estava acostumado a participar de campanhas pró-Temer, com quem dividiu bancada do partido na Câmara, desde a década de 1990.