A Polícia Federal (PF) cumpre, na manhã desta segunda-feira (11), cinco mandados de busca e apreensão – quatro em São Paulo e um no Rio – nas casas do ex-procurador Marcelo Miller, do empresário Joesley Batista, do executivo Ricardo Saud e na própria sede da JBS. O quinto alvo foi a residência do advogado da JBS e delator Francisco Assis.
A Operação Bocca, como foi nomeada, está relacionada à prisão de Joesley e de Saud neste domingo (10). Janot chegou a requisitar a prisão de Miller, mas o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin negou o pedido e autorizou apenas a detenção de Joesley e Saud.
A prisão dos dois foi requisitada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, devido ao entendimento de que Joesley e Saud omitiram informações à Procuradoria-Geral da República (PGR) durante o acordo de delação premiada. A suspeita foi levantada após a divulgação de uma conversa de cerca de quatro horas entre os dois.
Leia também
Certeza de impunidade de Joesley terminou na carceragem da PF
Ocultação de provas é o motivo apresentado para prisões de diretores da J&F
Joesley Batista e Saud colocam passaportes à disposição da Justiça e pedem para depor
Janot e advogado de Joesley são flagrados em bar de Brasília
O áudio dá a entender que Marcelo Miller atuou como "agente duplo" enquanto braço-direito de Janot, ao mesmo tempo em que instruía Joesley e Saud no acordo de delação premiada.
O nome da operação, "Bocca", é uma referência à escultura Bocca della Verità, em Roma (Itália) – segundo a cultura local, a estátua tem o poder de detectar mentiras. "Desde a Idade Média, acredita-se que se alguém contar uma mentira com a mão na boca da escultura, ela se fecharia 'mordendo' a mão do mentiroso", diz a nota da PF.
Outro lado
Os advogados de Marcello Miller afirmaram que o ex-procurador recebeu com tranquilidade o pedido de buscas no seu apartamento e colaborou apresentando tudo o que foi solicitado. Ele "ressalta que continua à disposição, como sempre esteve e sempre estará, para prestar qualquer esclarecimento necessário e auxiliar a investigação no restabelecimento da verdade", afirmam os defensores André Perecmanis e Paulo Klein.