O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), negou nesta quinta-feira (21) que os problemas entre PMDB e DEM possam influenciar na tramitação da segunda denúncia contra o presidente Michel Temer na Casa.
— O DEM não vai misturar uma coisa com outra. Nós não vamos misturar uma coisa tão grave, que é a denúncia, com um problema que envolve dois partidos e envolve parte do Palácio do Planalto — afirmou Maia, após participar da Cúpula das Câmaras de Comércio argentinas no Brasil, no Rio de Janeiro.
Na quarta-feira (20), Maia fez duras críticas ao presidente Temer e a ministros, ameaçando inclusive retaliação do DEM em votações de interesse do governo. Segundo Maia, o governo e o PMDB têm tratado o seu partido como "adversário" e isso poderia refletir na relação da bancada com o Planalto no Congresso.
— Nós queremos saber qual é a verdadeira posição do governo e do PMDB em relação aos Democratas. Tem parecido um tratamento de adversários, eu espero que não vire uma relação entre inimigos — disse o presidente da Câmara na quarta.
O motivo do mal-estar com o Planalto se deve ao fato de o PMDB ter filiado, no início de setembro, o senador Fernando Bezerra (PE), à legenda. Bezerra vinha sendo "cortejado" pelo DEM. E o que irritou bastante Maia foi o fato de os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria da Presidência) terem comparecido à posse de Bezerra ao PMDB.
— Mas esse assunto já está encerrado. Já falei o que eu tinha para falar, certamente o governo ouviu e eu espero que o governo se atenha à gestão do governo — disse Maia nesta quinta-feira.
Segundo ele, o Brasil precisa muito que o "governo continue na linha das reformas, que a economia continue crescendo, que a gente volte a gerar emprego com carteira assinada".
Questionado pela imprensa se na quarta ele teria subido o tom, Maia confirmou e mostrou novamente ressentimento com a presença dos dois ministros na filiação de Bezerra ao PMDB.
— Chega uma hora que eu tenho que alertar. Meu partido faz parte do governo, tem o Ministério da Educação, o ministro Mendonça (Mendonça Filho), que vai muito bem, vem fazendo um excelente trabalho. Nós acreditamos na agenda do governo de reformas, lideramos a votação da terceirização, da reforma trabalhista e, se Deus quiser, em outubro, vamos liderar a votação da reforma da Previdência. Agora, na hora que o governo coloca dois de seus ministros na filiação de um senador que caminhava para o Democratas, eu tenho que alertar que isso incomodou a bancada para que amanhã ninguém tenha motivo de susto — afirmou.
Maia, no entanto, afirmou estar certo de que o Planalto entendeu que não poderia ter enviado os dois ministros à posse de Bezerra.
— Eu acho que já está superado. Eu tenho certeza que o governo entendeu a minha preocupação. Não é uma preocupação do DEM; é uma preocupação com o governo, porque nós, os deputados do DEM, que estão ajudando o governo. Tem um movimento do governo contra o DEM, acaba que, numa votação importante, como a reforma da Previdência, a gente pode perder votos. Não é isso que nós queremos. Queremos o partido votando unido, em todas as votações, principalmente nas reformas — afirmou.
Denúncia
Sobre o encaminhamento na Câmara da segunda denúncia da Procuradoria Geral da República (PGR) contra Temer, Maia afirmou que irá proceder da mesma forma que fez na primeira denúncia.
— Com total isenção, cumprindo o regimento da Casa, para que o assunto seja resolvido dentro do regimento, o mais rápido possível.
O presidente da Câmara avaliou ainda que o assunto "quase paralisa" a Câmara, por isso, destacou, é importante ter uma solução o mais rápido possível.
*Estadão Conteúdo