Em seu segundo frente a frente com o juiz federal Sergio Moro, nesta quarta-feira (13), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou a postura do ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci, que prestou depoimento ao magistrado na semana passada. Em Curitiba (PR), Lula avaliou que as declarações de Palocci fazem parte de "caça às bruxas" do Ministério Público Federal (MPF), na Operação Lava-Jato, para encontrar alguém capaz de incriminá-lo.
— O Palocci tem o direito de ser livre. Tem o direito de querer ficar com o pouco do dinheiro que ganhou fazendo palestras. Ele tem família. Tudo isso eu acho. O que não pode é que, se você não quer assumir a sua responsabilidade pelos fatos ilícitos que fez, não jogue em cima dos outros. (...) O Ministério Público ligado à Lava-Jato enveredou por um caminho com dificuldades de sair. Então, o objetivo é tentar encontrar alguém para me criminalizar — atacou o ex-presidente.
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Em seu depoimento na semana passada, o ex-ministro havia acusado o petista de dar aval a um "pacto de sangue" com a Odebrecht para o recebimento de R$ 300 milhões em propinas.
— Fiquei muito preocupado com a delação do Palocci porque ele poderia dizer "Eu fiz isso errado". Ele, espertamente, disse "Não é que sou santo", e pau no Lula. É um jeito de conquistar veracidade em sua frase — rebateu o ex-presidente nesta quarta-feira (13).
Contraponto
O advogado Adriano Bretas, que defende o ex-ministro Antonio Palocci, reagiu à fala de Lula, afirmando que o ex-presidente "muda os adjetivos com relação às pessoas a mercê da conveniência dele".
"Enquanto o Palocci mantinha o silêncio, ele era inteligente, virtuoso. Agora que ele começou a falar a verdade, passou a ser tido e havido como uma pessoa calculista, dissimulada. Dissimulado é ele que nega tudo aquilo que lhe contraria", afirmou Bretas.