O ex-procurador Marcello Miller chegou pouco depois das 15h desta sexta-feira (8) à sede da Procuradoria Regional da República (PRR) no Rio de Janeiro, onde prestará depoimento. O advogado é citado em áudio que pode levar à revisão do acordo de delação premiada da JBS.
Há suspeitas de aproximação de Miller com os executivos da empresa na época em que ele trabalhava na Procuradoria-Geral da República (PGR), durante as investigações da Operação Lava-Jato, de 2014 a 2016. Em abril, ele deixou o cargo para trabalhar no escritório Trench Rossi Watanabe, que negociou a delação dos executivos da holding J&F – proprietária da JBS.
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Miller entrou no prédio sem falar com a imprensa, que desde a manhã se mantém na porta da PRR. O depoimento está marcado para as 15h30min e será fechado.
Depoimentos à PGR
Em gravação entregue pelos próprios delatores, no dia 31 de agosto, o empresário Joesley Batista, um dos donos da JBS, e Ricardo Saud, diretor de relações institucionais da empresa, falam da suposta influência de Marcello Miller na negociação para delação.
Em depoimento à PGR, na quinta-feira (7), Joesley afirmou que não recebeu orientações do ex-procurador Marcello Miller para negociar o acordo, nem para gravar o presidente Michel Temer.
No depoimento, que durou mais de duas horas, Joesley também disse que foi apresentado a Miller por Francisco de Assis e Silva, diretor jurídico da JBS, após mencionar que procurava um profissional para a área anticorrupção da empresa. Joesley e os demais executivos argumentaram à PGR que consultaram Miller "em linhas gerais" sobre o processo de delação e que acreditavam que ele já havia deixado o órgão.
Joesley também minimizou as citações a três ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) no áudio: a presidente da Corte, Cármen Lúcia, além de Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski. Os delatores teriam afirmado não possuir qualquer informação comprometedora sobre os magistrados, sobre quem fizeram apenas "considerações genéricas".