O corregedor nacional de Justiça, ministro João Otávio de Noronha, disse nesta terça-feira (5) que "certamente" a imagem do Supremo Tribunal Federal (STF) já está arranhada em meio a menções de delatores do grupo J&F à Corte.
Nos novos áudios da delação de executivos do grupo entregues à Procuradoria-Geral da República (PGR), obtidos pela revista Veja, os delatores Joesley Batista e Ricardo Saud falam sobre "dissolver" o STF.
– Certamente (isso) já arranhou (a imagem do STF) – disse Noronha, que atua no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) ao lado da ministra Cármen Lúcia, presidente do Supremo.
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O corregedor, no entanto, ressaltou que não acredita que qualquer ministro do STF esteja envolvido em irregularidades no caso.
– Nossa Corte é composta dos homens e mulheres mais dignos deste país – afirmou.
Delação
Para o corregedor, a delação premiada passou a ser um "instituto universal", que visa à obtenção de "informações necessárias para a apuração dos crimes ocorridos no país".
– O gerenciamento da delação premiada é muito importante. Por exemplo, não é razoável você pressionar alguém a delatar. Não é razoável prender para delatar. Não sei se isso aconteceu, acontece. Não tenho caso concreto – disse Noronha. – O Delcídio (do Amaral) delatou um monte de gente e não está provando. Isso desmerece a delação premiada? Ele pode perder os benefícios. Uma coisa é delação, outra coisa é comprovação dos fatos – continuou o corregedor.
Em alegações finais enviadas à Justiça, o Ministério Público Federal (MPF) pediu que Delcídio perca os benefícios assegurados no acordo de colaboração premiada. A Procuradoria da República afirma que o ex-parlamentar mentiu sobre fatos que levaram à abertura de ação penal contra sete pessoas.
– Eu quero que o Brasil seja passado a limpo, seja o pequeno, o médio, o grande. E que a Justiça seja a mesma para todos. Só isso – concluiu Noronha.