O juiz federal Sergio Moro aceitou, nesta quinta-feira (24), a denúncia do Ministério Público Federal (MPF) contra o ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras Aldemir Bendine na Operação Lava-Jato. O executivo, acusado de receber R$ 3 milhões em propinas da Odebrecht, está na cadeia desde o dia 27 de julho.
Preso na 42ª fase da Operação Lava-Jato, Bendine, 53 anos, é ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras. Em 2015, ele foi indicado pela então presidente Dilma Rousseff para assumir o comando da petrolífera no lugar de Graça Foster em meio à crise financeira da empresa e aos desdobramentos da Lava-Jato contra ex-executivos da estatal.
Bendine deixou a presidência da Petrobras em 30 de maio de 2016, após o impeachment de Dilma. Com a chegada de Michel Temer ao Planalto, o Conselho de Administração da estatal escolheu o ex-ministro da Casa Civil do governo Fernando Henrique Cardoso, Pedro Parente, para o comando da empresa.
Pouco mais de um ano depois, em 13 de junho de 2017, o juiz federal Sergio Moro autorizou a abertura de inquérito para investigar Bendine na Lava-Jato. De acordo com depoimentos de ex-executivos da Odebrecht, o ex-presidente da Petrobras solicitou e recebeu R$ 3 milhões da empreiteira.
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As investigações da Polícia Federal apontam que Bendine solicitou e recebeu propina para que a empreiteira não fosse prejudicada na Petrobras devido a consequências da Lava-Jato. O ex-presidente da Petrobras teria recebido os valores por meio de três pagamentos em espécie – R$ 1 milhão em cada –, em São Paulo.
De estagiário a presidente do BB
Antes da Petrobras, Bendine esteve à frente do Banco do Brasil entre 17 de abril de 2009 e 6 de fevereiro de 2015. Quando assumiu o comando da instituição financeira, sob a gestão do ex-presidente Lula, teve como principais desafios expandir o crédito para auxiliar a retomada da economia, reduzir as taxas de juros e consolidar o BB como o maior banco do país.
Natural de Paraguaçu Paulista, ele entrou no banco aos 15 anos, como estagiário. Após ser efetivado como concursado, ele fez carreira em diversos setores até conquistar a presidência.
No ano em que assumiu a direção do BB, ele comandou a compra do controle da Nossa Caixa, a aquisição da metade do Banco Votorantim e 51% das ações do Banco da Patagônia, na Argentina.
Polêmicas
Bendine foi acusado, em 2014, de ter favorecido a socialite Val Marchiori com empréstimos que não encontrariam amparo nas normas internas do banco. Além disso, ela não teria quitado um empréstimo anterior ao BB. Bendine também teria viajado com a socialite para uma missão oficial do banco estatal, em 2010, segundo depoimento do ex-vice-presidente da instituição, Allan Toledo.
Um ex-motorista de Bendine relatou ainda que fez, a mando do ex-presidente do BB, diversos pagamentos em dinheiro vivo, o que gerou uma investigação do Ministério Público Federal (MPF). Ainda em 2014, ele teve de pagar à Receita Federal uma multa de R$ 122 mil por deixar de comprovar a origem de R$ 280 mil na declaração de Imposto de Renda.