Desde que passou a enfrentar a crise política que veio com a divulgação de áudios gravados pelo empresário Joesley Batista, da JBS, o presidente Michel Temer (PMDB) conta com importantes aliados em sua defesa. Se, no plenário da Câmara, a maioria dos deputados a favor do arquivamento da denúncia justificou o voto pela estabilidade política e econômica, nas redes sociais, três ministros do chamado "núcleo duro" do presidente fazem ofensiva parecida. No Twitter, Moreira Franco (Secretaria Geral da Presidência), Eliseu Padilha (Casa Civil) e Henrique Meirelles (Fazenda), alguns dos ministros mais próximos de Temer, ignoram a crise político-judicial enfrentada pelo presidente e exaltam medidas do governo em suas postagens.
Ativo na rede social desde 2009, mas com apenas 14 mil seguidores, Moreira Franco não tem economizado elogios às recentes medidas governistas. As palavras "investimentos", "governo", "Brasil" e "trabalhista" foram as mais usadas pelo ministro, segundo levantamento da plataforma Foller.me. Também em alta em suas postagens estão os termos "modernização", "empregos", "economia", "Temer" e "recuperação".
As hashtags mais usadas por Moreira Franco seguem temática parecida – #investbr, #reformadaprevidência, #economia, #crescimento, #travessiasocial e #governoreformista foram campeãs na rede social do ministro, ao lado da hashtag em autorreferência, #moreira.
Desde o dia 18 de maio, um dia após a gravação de Joesley ter sido divulgada, Moreira Franco fez 99 postagens na rede social – entre elas, 16 vídeos. Assim como Padilha, Moreira fez uma gravação em defesa do presidente logo após a divulgação do áudio do empresário, reforçando a estratégia de que "o Brasil não pode parar", frase usada por ambos.
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Já o ministro da Casa Civil, embora tenha postado mais que Moreira Franco – foram 121 mensagens, considerando retweets, desde o dia 18 de maio –, os elogios ao governo são mais discretos que os de Moreira, embora evidentes. As palavras mais usadas por Padilha foram "presidente", "governo" e "Brasil". Boa parte de suas postagens são compartilhamentos de tweets das contas do Planalto, do próprio presidente ou de algum ministério. Padilha também está na rede social desde 2009 e tem pouco mais de 16 mil seguidores, mas usa pouca ou nenhuma hashtag nos seus comentários.
Fora da rede social à época em que a delação de Joesley veio a público, Meirelles é o ministro mais bem sucedido no Twitter: conquistou 23 mil seguidores desde sua primeira postagem, no dia 7 de junho. O número pode não ser tão expressivo para uma conta verificada, mas o ministro da Fazenda tem se empenhado na rede. Fez 121 postagens desde que a conta foi criada.
Sem citar diretamente o presidente, porém, Meirelles foca o discurso na equipe econômica. Apontado como potencial nome ao Planalto – não apenas em uma eventual eleição indireta, em caso de saída de Temer, mas também para disputar as eleições em 2018 –, Meirelles assumiu um discurso otimista para seus seguidores. As palavras mais usadas foram "recuperação", "crescimento" e "Brasil". Outros termos de preferência de Meirelles na rede foram "retomada", "empresas" e "economia".
Já na primeira postagem, explicou o motivo para ter entrado na rede: "Pretendo usar este espaço para debater os rumos do Brasil", escreveu. Seu comentário acabou virando piada entre os internautas, e o ministro foi questionado por seguidores sobre o período em que fez parte do conselho da J&F, controladora da JBS.
As investigações contra o presidente quase nunca foram pauta dos ministros. A exceção foi no dia após a divulgação do áudio de Joesley. Moreira Franco falou em "delação e um empresário" e Padilha disse que a "delação traz fatos que devem ser investigados, mas não se tem ninguém condenado". No último dia 2, quando a Câmara votava o arquivamento da acusação por corrupção passiva contra o presidente, nenhum dos ministros falou a respeito na rede social.