Pressionado por deputados tucanos insatisfeitos com sua gestão, o presidente interino do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), afirmou nesta terça-feira (22) que não vai entregar o posto e negou que esteja fazendo prevalecer suas convicções à revelia da opinião majoritária do partido.
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Relembre os fatos que levaram ao racha entre os tucanos:
1 - Delação da JBS
A animosidade interna no PSDB teve início logo que foi tornada pública a delação da JBS, em 17 de maio. Entre os materiais entregues à Procuradoria-Geral da República (PGR) por Joesley Batista, dono do grupo J&F (que controla a JBS), estava a gravação de uma conversa dele com o senador Aécio Neves (MG). No diálogo, o mineiro pediu R$ 2 milhões para pagar sua defesa em processos da Lava-Jato. O dinheiro, segundo o empresário, tratava-se de propina.
2 - Os indícios contra Aécio
A delação também revelou ações controladas da Polícia Federal (PF), nas quais um primo de Aécio, Frederico Medeiros, o Fred, foi filmado recebendo malas com dinheiro, entregues por um diretor da JBS. Fred e a irmã do senador, que teria intermediado a negociação com Joesley, chegaram a ser presos pela Lava-Jato.
3 - Presidência interina
Em razão do escândalo, que resultou em denúncia da PGR contra o tucano por corrupção e obstrução da Justiça, ainda pendente de apreciação do Supremo Tribunal Federal (STF), Aécio se licenciou da presidência do PSDB, cargo que foi assumido pelo senador Tasso Jereissati (CE).
4 - Ensaio do desembarque do governo
Contrário à participação do PSDB na gestão Michel Temer, o cearense elevou o tom na defesa da saída da base aliada, exigindo que os quatro ministros tucanos renunciem aos cargos. O partido chegou a realizar duas reuniões da executiva para debater a questão, mas em nenhum dos casos houve definição.
5 - Divisão escancarada
O quadro de racha ficou ainda mais evidente durante a votação na Câmara que suspendeu a denúncia por corrupção passiva contra Temer. Dos 47 deputados do PSDB, 21 votaram pela sequência do processo, 22 pela suspensão, e quatro não compareceram.
6 - Na TV, partido fala em autocrítica
A divisão interna se intensificou na semana passada, após a exibição de um programa do partido na TV que fala em "presidencialismo de cooptação". No vídeo, a sigla diz que "errou" ao ter cedido ao fisiologismo. A peça foi idealizada por Jereissati com apoio de parte da ala paulista do PSDB, incluindo o governador Geraldo Alckmin e do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Após a exibição da propaganda, o diretório paulistano fez novo ataque ao governo. Lançou nota criticando encontro fora de agenda entre Aécio e Temer, ocorrido na última sexta-feira no Palácio do Jaburu. Na sequência, os diretórios estaduais de São Paulo e Minas Gerais saíram em defesa de Aécio.
7 - As articulações de Temer
O mineiro é favorável ao alinhamento do partido com o governo. Por isso, Temer articula com ele para tirar espaço de Jereissati e manter o PSDB junto ao Planalto.