A força-tarefa da Operação Lava-Jato encontrou e-mails que indicam que o ex-presidente da Petrobras, Aldemir Bendine – também ex-Banco do Brasil –, tentou favorecer o Grupo Odebrecht dentro da estatal petrolífera, após acerto de propina de R$ 17 milhões. O material faz parte da denúncia criminal contra ele, apresentada nesta terça-feira (23), por crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e embaraço às investigações.
O procurador da República Athayde Ribeiro Costa afirmou que Bendine tentou internamente, na Petrobras, liberar negócios para o Estaleiro Enseada Paraguaçu, do Grupo Odebrecht.
"Em contrapartida às negociações e promessa de pagamento da vantagem indevida, que ao final foi paga por Marcelo Odebrecht e Fernando Reis, o denunciado Aldemir Bendine, em atendimento ao "quid pro quo" (tomar uma coisa por outra), deu início a movimentações internas na Petrobras com intuito de favorecer o grupo empresarial Odebrecht", sustenta a denúncia.
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"Assim, (Bendine) buscou junto ao departamento jurídico da Petrobras informações específicas visando: (1) ao desbloqueio da cautelar que impedia novas contratações da Odebrecht Óleo e Gás; e (2) a contratação direta do Estaleiro Paraguaçu ou a constituição de sociedade de propósito específico para viabilizar o contrato e atender aos interesses de Marcelo Odebrecht. A resposta do departamento jurídico da Petrobras foi encaminhada para Aldemir Bendine já em 21 de maio de 2015, após a reunião que ocorreu na residência de André Gustavo, em 18 de maio daquele ano", informa a denúncia.
A denúncia afirma que nos dias 23 de janeiro de 2015 e 30 de maio de 2016, Bendine e seus operadores, André Gustavo e Antonio Carlos, solicitaram R$ 17 milhões em propinas a Marcelo Odebrecht e o executivo Fernando Reis "em virtude de demandas que o grupo empresarial" tinha na estatal.
"Em virtude da solicitação, Aldemir Bendine, em conjunto com André Gustavo e Antônio Carlos, recebeu a vantagem indevida no importe de R$ 3 milhões de reais, paga por Marcelo Odebrecht e Fernando Reis", diz o texto.