Apostando na apresentação de um relatório favorável à aceitação da denúncia contra o presidente Michel Temer por corrupção passiva, o Planalto e a base aliada articulam a formação de maioria simples para reprovar o parecer do deputado Sergio Zveiter (PMDB-RJ) na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara. O parlamentar fluminense apresentará o relatório ao colegiado nesta segunda-feira (10).
De acordo com o jornal Estado de S. Paulo, Temer antecipou o retorno do G20 e reuniu os presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), no Palácio do Jaburu para discutir a crise política, no domingo (9). Depois, à noite, o peemedebista ainda se encontrou com ministros e aliados no Alvorada para tratar da articulação contra a denúncia.
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A CCJ é formada por 66 deputados e, para que o relatório seja aprovado ou rejeitado, são necessários 34 votos. Por isso, os líderes governistas passaram o domingo ligando para deputados para garantir quórum mínimo de 34 parlamentares para iniciar a sessão na CCJ. A expectativa do governo é de ao menos 39 parlamentares compareçam ao colegiado.
– Ele (Temer) quer acelerar o mais rápido possível. País não pode ficar sangrando – disse o deputado Fausto Pinato (PP-SP), presente na reunião, ao jornal.
Aliados ao Planalto esperam que a tramitação da denúncia na Câmara seja encerrada no dia 17, antes do recesso parlamentar, com a rejeição da admissibilidade da denúncia em plenário para evitar que Temer possa ser processado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Líderes governistas tentarão abreviar a tramitação da denúncia na CCJ que prevê a possibilidade de que até os 66 titulares, os 66 suplentes e outros 40 deputados possam se pronunciar.
A previsão do presidente do colegiado, Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), é que os debates levem três dias e só sejam encerrados na próxima segunda-feira. Em seguida, a denúncia será liberada para votação no plenário da Câmara, independentemente do resultado na CCJ.
Temer foi denunciado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, por corrupção passiva em 26 de junho. Janot sustenta que o presidente recebeu "vantagem indevida" de R$ 500 mil do empresário Joesley Batista por meio do ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), filmado ao receber uma mala com dinheiro da JBS.