A força-tarefa da Operação Lava-Jato do Ministério Público Federal (MPF) pediu a condenação e o cumprimento da sentença em regime fechado do ex-tesoureiro do PT Paulo Ferreira. Ex-deputado federal gaúcho, ele foi secretário de finanças do partido entre 2005 e 2010.Ferreira foi denunciado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O petista teria recebido propina a partir do contrato para a construção do Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello (Cenpes), da Petrobras, no Rio de Janeiro."Requer-se seja determinado o regime fechado como o regime inicial de cumprimento da pena", destaca trecho das alegações finais do processo.
De acordo com as apurações, o Consórcio Novo Cenpes (formado por OAS, Carioca Engenharia, Construbase Engenharia, Schahin Engenharia e Construcap CCPS Engenharia) pagou R$ 20,6 milhões em propina entre 2007 e 2012. O grupo conquistou o contrato para a construção do centro de pesquisa da estatal, no valor de R$ 850 milhões. No entanto, após uma série de aditivos, o montante superou R$ 1 bilhão.
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O MPF afirma que os repasses chegavam até Paulo Ferreira por meio do escritório de advocacia de Alexandre Romano, que fornecia notas fiscais, mas não prestava o serviço de consultoria. Servidores da Petrobras, como o ex-diretor de Serviços Renato Duque, e do gerente de Engenharia Pedro Barusco, sabiam dos repasses.
O próprio Ferreira admitiu para o juiz Sergio Moro o recebimento de valores, mas disse que eram para o pagamento de dívidas eleitorais, uma forma de caixa dois de campanha, o que não convenceu a força-tarefa da Lava-Jato.O gaúcho foi preso em junho de 2016, mas foi liberado em fevereiro deste ano, após pagar fiança de R$ 200 mil.
Ferreira é o terceiro tesoureiro do PT acusado de corrupção. Ele foi o responsável pela tesouraria do partido após Delúbio Soares (condenado a seis anos e oito meses no mensalão, por corrupção ativa, e a cinco anos na Lava-Jato por lavagem de dinheiro) e antes de João Vaccari Neto (condenado a 45 anos e um mês na Lava-Jato, por lavagem de dinheiro e corrupção).
A reportagem não conseguiu contato com Paulo Ferreira.