O agente fazendário Ary Ferreira da Costa Filho, que foi assessor do ex-governador do Rio Sérgio Cabral, contou nesta segunda-feira (10) em depoimento à Justiça que recebeu entre R$ 9 milhões e R$ 10 milhões de sobras de campanha do PMDB.
– O Cabral pegava um dinheiro e mandava para mim, isso aqui é para você. Ele me dava. Em épocas de campanha tinha muitas sobras de campanha. Tinham empresários que ajudavam eles. Eu ficava afastado dessa parte (da arrecadação). Sinceramente eu não sabia a origem – disse Costa Filho, em interrogatório.
Segundo ele, a recompensa vinha pelos serviços prestados na coordenação e campanhas eleitorais de Cabral e de outros candidatos do PMDB, como Eduardo Paes, desde os anos 1990.
Leia mais
Sérgio Cabral presta depoimento à Justiça no Rio nesta segunda-feira
AGU pede a Moro provas de improbidade de Cabral
Cabral recebeu quase R$ 123 milhões em esquema de propina, diz MPF
Costa Filho contou ainda que esteve na sede do supermercado Prezunic e da cervejaria Itaipava para acompanhar o recolhimento de pagamentos de caixa 2 em espécie que somavam mais de R$ 5 milhões de cada uma das empresas.
O acusado alegou que não recebeu o dinheiro, apenas apresentou Carlos Miranda, apontado como o "homem da mala" do peemedebista, que seria o responsável pela arrecadação para a campanha.
Questionado pelo juiz Marcelo Bretas se ele e Cabral conversavam na prisão sobre os desdobramentos do processo, Costa Filho respondeu que não.
– O pessoal costuma dizer que é Lei de Murici, cada um cuida de si. Passo a maior parte do tempo deitado, porque tenho problema de saúde, tenho que ficar deitado – declarou.
Costa Filho está preso desde fevereiro, apontado como um dos principais operadores financeiros do esquema de lavagem de dinheiro que seria liderado pelo ex-governador. Ele também é acusado de lavar dinheiro para o ex-governador Cabral, de quem é amigo há mais de 20 anos.