Preso em nova fase da Lava-Jato, Aldemir Bendine se envolveu em pelo menos três polêmicas enquanto ocupou a presidência do Banco do Brasil (BB). No cargo máximo da instituição, ele teria facilitado financiamento para uma amiga pessoal, a socialite e empresária Val Marchiori, e ordenado que o motorista fizesse pagamentos em dinheiro vivo, além de ser obrigado a pagar multa à Receita Federal.
O administrador chegou ao comando do BB em 2009. Quatro anos depois, segundo reportagem do jornal Folha de S.Paulo, Bendine teria facilitado a liberação de financiamento à Torke Empreendimentos, empresa pertencente à Val, para a compra de caminhões. Parte dos recursos do empréstimo, no entanto, foi utilizado para comprar um Porsche Cayenne S avaliado em R$ 400 mil.
Os recursos do financiamento provinham do BNDES e eram subsidiados a juro de 4% ao ano pelo governo federal. De acordo com a reportagem, os valores foram liberados pelo BB a partir da flexibilização de regras internas do banco estatal. Na época, a instituição informou não haver ilegalidade na operação.
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Val chegou a ser denunciada pelo Ministério Público Federal (MPF) por crime do colarinho branco. Segundo a Procuradoria, a socialite obteve financiamento do BNDES, em 2013, "de forma livre e consciente" por meio de fraude. A Justiça Federal de São Paulo, entretanto, rejeitou a denúncia.
Uma viagem à Argentina, em 2010, rendeu outra polêmica sobre a relação entre Bendine e Val. Segundo depoimento do ex-vice-presidente da área internacional do BB ao MPF, Allan Toledo, a socialite pegou carona em um jato que estava a serviço do banco estatal com Bendine. Mais dois amigos estariam na aeronave.
Na época, o presidente do BB e Toledo viajaram a Buenos Aires em missão oficial para concluir a aquisição do Banco da Patagônia.
Pagamentos em espécie
Em outro episódio envolvendo Bendine, o ex-motorista do executivo, Sebastião Ferreira da Silva, afirmou ao MPF que transportava dinheiro a mando do chefe. Ferreirinha, como era chamado, contou que, em uma oportunidade, o então presidente do BB subiu de mãos vazias em um edifício na região dos Jardins, em São Paulo, e retornou com uma sacola cheia de notas de R$ 100. O ex-motorista disse que, em seguida, o dinheiro foi repassado ao empresário Marcos Fernandes Garms, que seria amigo de Bendine.
Ferreirinha afirmou ainda que fez diversos pagamentos em nome de Bendine eque viu o ex-presidente do BB carregando sacolas de dinheiro em reuniões com empresários. Em 2014, o Ministério Público Federal abriu investigação sobre o caso.
Multa paga à Receita
Bendine também foi alvo de polêmica ao ter que pagar multa de R$ 122 mil à Receita Federal, em agosto de 2014. O executivo foi autuado por não ter comprovado a origem de cerca de R$ 280 mil na declaração de Imposto de Renda. Além disso, o Fisco apontou que os bens de Bendine cresceram, na época, acima da renda do executivo.