Conhecido pela luta em favor dos direitos humanos e pela coordenação do Programa Fome Zero, Frei Betto classificou como "injusta" a condenação do ex-presidente Lula a nove anos e seis de prisão na Operação Lava-Jato. Em entrevista ao programa Timeline Gaúcha, nesta quinta-feira (13), o religioso afirmou que não há provas que justifiquem a decisão do juiz federal Sergio Moro.
– Não há nenhum documento que comprove que ele é o proprietário do apartamento ou que ele favoreceu, enquanto presidente, a OAS. Se ele favoreceu, cadê a pessoa que estava na presidência da Petrobras na época? Por que ela não é punida? – questiona. – Coloco a mão no fogo pelo cidadão Luiz Inácio Lula da Silva. Até que me provem o contrário.
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Zero Hora: Entrevista com Frei Betto
Carlos Alberto Libânio Christo, o Frei Betto, afirma ser "totalmente a favor" das investigações da Operação Lava-Jato. Ele acredita, no entanto, que Moro, "muitas vezes, tem uma prática tendenciosa".
– Outros a que estão imputados crimes muito mais graves estão soltos – afirmou, sem citar nomes.
De acordo com o religioso, a condenação de Lula tem "motivação eleitoral". Frei Betto afirma que "os próprios promotores disseram que há indícios" contra Lula, mas não indicaram provas para a justificar a sentença.
– Querem tirar o Lula do páreo eleitoral de 2018 – avalia. – Não sei a quem ele (Moro) está tentando beneficiar. Para o mercado, a hipótese do Lula vir a ser de novo presidente é tão horrorizante que não importa quem venha: importa que ele não seja presidente.
Apesar de ter participado do governo Lula e manter conversas com o ex-presidente, Frei Betto faz críticas a decisões do petista. Ele afirma, por exemplo, que "o Brasil é vítima da reforma política que o PT não fez". O religioso assegura, no entanto, que Lula não manteve "relacionamento promíscuo com empreiteiras".
– Pelo que eu sei, não – disse.
Ouça a entrevista: