Após o discurso do presidente Michel Temer (PMDB), na terça-feira (27), classificando a denúncia do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, como uma "peça de ficção", os dois principais procuradores da força-tarefa da Operação Lava-Jato em Curitiba se manifestaram nas redes sociais afirmando que Temer não tem mais condições de ficar no cargo.
Depois de afirmar que o governo do presidente Michel Temer (PMDB) "sufoca" a Polícia Federal ao suspender a emissão de passaportes, o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima subiu o tom das críticas ao presidente. Em seu perfil no Facebook, o investigador disse que Temer foi "leviano, inconsequente e calunioso ao insinuar recebimento de valores por parte do PGR" no pronunciamento feito na terça para se defender da denúncia apresentada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
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O investigador comparou Temer ao ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT), réu na Lava-Jato, e disse que o peemedebista não tem mais condições de ficar no cargo. "Já vi muitas vezes a tática de 'acusar o acusador'. Lula faz isso direto conosco. Entretanto, nunca vi falta de coragem tamanha, usando de subterfúgios para dizer que não queria dizer o que quis dizer efetivamente. Isso é covardia e só mostra que não tem qualificação para continuar no cargo", escreveu Santos.
Em outra publicação na rede social, Santos afirma que o presidente é "incapaz de se defender dos fatos" e defende que a Câmara dê o aval para a abertura do processo contra Temer no Supremo Tribunal Federal (STF). "Se Temer confia tanto na ausência de provas, que se deixe julgar pelo STF. Que a Câmara dos Deputados não se torne um sepulcro caiado", escreveu.
Os ataques do procurador ao discurso de Temer começaram na terça-feira, logo após a fala do peemedebista. Elencando alguns itens da denúncia, Santos ironizou o discurso de Temer. "Se não há provas, então o que tem focinho de porco, orelha de porco, rabo de porco e cheira como um porco, deve ser apenas uma tomada", escreveu.
Em outro post, o procurador afirmou que "é de se envergonhar termos um acusado na Presidência da República que sequer se defende dos fatos".
Também na terça, o coordenador da força-tarefa da Lava-Jato no Ministério Público Federal (MPF), Deltan Dallagnol, se juntou ao coro de críticas ao discurso de Temer e citou que o presidente não falou sobre o recebimento do dinheiro em uma mala por parte do seu ex-assessor Rodrigo Rocha Loures.
Além disso, o procurador afirmou que a denúncia apresentada por Rodrigo Janot é "suficiente" para acusar Temer e que o país precisa de um presidente com condições morais para governar. "Hoje mesmo, o governo balança e não tem condições de concentrar suas atenções num projeto para o País. O foco é salvar a própria pele. Se queremos ter condições para o desenvolvimento da economia, o que precisamos é de um presidente revestido de condições morais para governar", escreveu.