A briga ocorrida durante um protesto de servidores públicos municipais em frente à prefeitura de Porto Alegre, na manhã desta quarta-feira (21), terminou com sete pessoas na delegacia de polícia que, após assinarem termo circunstanciado (TC) – quando o caso é de menor gravidade –, foram liberadas. Entre elas estão quatro municipários e três integrantes do Movimento Brasil Livre (MBL).
O delegado Fernando Soares entendeu que houve a briga e gerou duas ocorrências: uma por lesão corporal, devido a um suposto segurança privado ter agredido com cassetete retrátil um diretor do Sindicato dos Municipários (Simpa), e outra por vias de fato, devido à briga generalizada que foi estabelecida entre servidores e integrantes do MBL.
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Conforme Soares, o youtuber Arthur Moledo do Val, do canal "Mamãe, Falei", foi ao protesto fazer imagens. Os manifestantes não aceitaram a presença do integrante do MBL e pediram que ele deixasse o local, ao que ele recusou alegando que tratava-se de local público.
– Houve, então, discussão, bate-boca e desentendimento generalizado, com troca de agressões físicas também – afirma o delegado, acrescentando que a Guarda Municipal interveio para separar os envolvidos.
– Não é possível saber quem deu o primeiro soco, as imagens que temos não são claras e, nos depoimentos, cada um disse uma coisa – acrescenta Soares.
O delegado obteve imagens de câmera de segurança da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) e também apreendeu os equipamentos de gravação dos integrantes do MBL para salvar os vídeos.
Soares confirma que um servidor ficou ferido na perna ao ser agredido com o cassetete retrátil e foi encaminhado para fazer exame de corpo de delito.
O autor da agressão disse à polícia que trabalha como segurança privado, mas contou que estava com o terceiro integrante do MBL e que não conhecia Arthur. No entanto, o terceiro membro do grupo confirmou, em depoimento, que também é segurança e que estava filmando na "retaguarda" do youtuber.
O que dizem os envolvidos
Arthur Moledo do Val, integrante do Movimento Brasil Livre (MBL):
Procurado por Zero Hora, Arthur Moledo do Val disse que foi conferir uma confusão que estava acontecendo no local, envolvendo outro youtuber, um sindicalista e um homem com um cassetete retrátil.
– Um cara (sindicalista) foi lá tentar roubar, tomar à força, o celular desse Rafinha BK (youtuber), e, do nada, um outro cara, que eu nunca vi na minha vida, foi para cima desse sindicalista. Esse tal de Márcio sacou um cassetete e começou a sair na mão com os caras – disse.
Segundo Arthur, após esse primeiro tumulto, um sindicalista começou a proferir calúnias contra ele por meio de um microfone. Após essa ação, o youtuber disse que se sentiu intimidado e sofreu alguns chutes de pessoas presentes no local. Com isso, correu para buscar auxílio da Guarda Municipal. Nesse momento, ele disse que foi convidado a ir até uma delegacia para esclarecimentos.
– Eu não fui algemado. Fui por livre e espontânea vontade. Assinei meu depoimento e fui liberado imediatamente.
Arthur disse que decidiu vir a Porto Alegre após tomar conhecimento de que sindicalistas iriam realizar protesto em frente à prefeitura. O youtuber afirmou que sua intenção era gravar um vídeo na manifestação para expor o que chama de contradição dos manifestantes.
Movimento Brasil Livre
ZH tentou contato com a coordenadora do movimento no Rio Grande do Sul, mas ela não atendeu às ligações até a publicação desta matéria.
Alberto Terres, diretor-geral do Sindicato dos Municipários (Simpa):
Por telefone, Terres disse que, antes de o protesto em favor da campanha salarial dos municipários começar, três pessoas, entre elas, o "conhecido" Arthur, começaram a fotografar e filmar de "forma ofensiva", colocando o celular "na cara" dos servidores e "incitando a violência" com perguntas.
– Pedimos que eles parassem e, neste momento, um dos rapazes tirou um bastão de ferro e passou a agredir os municipários. Um dos nosso diretores caiu e foi agredido no chão. Obviamente houve um tumulto – afirma o dirigente.
Ainda conforme ele, o movimento era "pacífico e justo" e o sindicato é contra a "postura de violência".