O procurador da República Antônio Carlos Welter afirmou que a força-tarefa da Operação Lava-Jato em Curitiba deverá ser mantida após a posse de Raquel Dodge como procuradora-geral do Ministério Público Federal. Em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade, nesta sexta-feira (30), Welter destacou que todos os então candidatos ao cargo ocupado por Rodrigo Janot haviam se comprometido com o prosseguimento das investigações durante a eleição interna para chefiar a Procuradoria-Geral da República (PGR).
– Nós não temos motivo algum para crer que a força-tarefa de Curitiba vai deixar de existir ou vai deixar de funcionar – considera o procurador, que faz parte da equipe que tua na capital paranaense.
Segunda colocada na lista tríplice de procurador da República, Raquel foi escolhida pelo presidente Michel Temer para suceder Janot, em setembro. A indicação, no entanto, ainda precisa ser referendada pelo Senado.
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Welter acredita, no entanto, que a composição da força-tarefa que atua com Janot, em Brasília, poderá sofrer mudanças com a chegada da nova procuradora-geral da República. O grupo é responsável pelas investigações que envolvem suspeitos com foro privilegiado em tribunais superiores, enquanto a força-tarefa de Curitiba apura os crimes cometidos por suspeitos sem essa prerrogativa.
– Imagino que a Dra. Raquel deva sentar com aqueles colegas (da força-tarefa de Brasília) e alguns, até por afinidade, vão permanecer, outros devem sair, e outros talvez não tenham interesse em permanecer. Por óbvio, ela vai trazer aquelas pessoas com as quais está habituada a trabalhar, que ela conhece e com as quais ela já realizou trabalhos no passado – diz Welter.
Mais de três anos após o início da Lava-Jato, o procurador da República alerta para a existência de "partidos, movimentos e grupos" que esperam que "a operação pare de avançar". Welter ainda cita a preocupação da força-tarefa de Curitiba com a redução do orçamento da Polícia Federal e defende a manutenção do delegado Leandro Daiello no comando da corporação.
– A Polícia Federal está sendo paulatinamente desarticulada. Há, hoje, menos policiais e delegados envolvidos e isso é um problema para nós – avalia.
A força-tarefa de procuradores da República que trabalham na Lava-Jato é renovada por meio de portaria assinada pelo procurador-geral da República. Em janeiro, Janot prolongou a operação por mais seis meses.