Um dos autores do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff, Miguel Reale Júnior esclareceu, nesta terça-feira (13), no programa Timeline, da Rádio Gaúcha, os motivos de ter decidido se desfiliar do PSDB. O anúncio foi feito na noite de segunda-feira (12), logo após o partido ter decidido permanecer no governo Temer.
– O PSDB está se peemedebetizando – afirmou o jurista, fazendo referência à criação do partido, em 1988.
Naquele ano, ex-integrantes do PMDB, como Fernando Henrique Cardoso, Franco Montoro e Mário Covas, decidiram liderar a fundação de uma nova legenda, devido à discordância com uma ala do PMDB considerada "fisiológica" e liderada pelo então presidente da República, José Sarney. Reale Júnior foi ministro da Justiça no governo FHC.
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O jurista enfatizou que o PSDB deve seguir apoiando as reformas, mas que, para isso, não precisa necessariamente fazer parte do governo.
Ele comentou, ainda, que as denúncias contra Temer e o senador tucano Aécio Neves, que surgiram com as delações da JBS, são "gravíssimas" e que o partido está deixando de tomar uma decisão ética, o que estaria em desacordo com a própria carta de fundação do partido.
– Quem praticou fatos delituosos tem que ser punido. Esse partido (PSDB) tem que ser distinguido por outros por isso. Se não é distinguido por outros, eu saio do partido – enfatizou o jurista.
Quanto à possibilidade de liderar um novo pedido de impeachment, desta vez, do presidente Michel Temer, Reale Júnior disse que a ação protocolada pela OAB já está devidamente fundamentada.
Ouça a íntegra da entrevista: