Em meio a familiares e autoridades políticas, o corpo do ex-prefeito de Porto Alegre Sereno Chaise, cassado pela ditadura, foi velado, na manhã desta sexta-feira (2), no Cemitério Parque Jardim da Paz, na zona leste da Capital. Marcado por um ambiente de consternação, o sepultamento ocorreu pouco depois das 11h.
O velório havia se iniciado às 18h de quinta-feira (1º), horas após a confirmação da morte. O político estava internado no Hospital Mãe de Deus em decorrência de um quadro de insuficiência renal e sofreu falência múltipla dos órgãos.
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Dezenas de autoridades prestaram suas últimas homenagens ao político. Entre elas, os ex-governadores Pedro Simon (PMDB) e Olívio Dutra (PT), o ex-ministro Miguel Rossetto (PT), o deputado estadual Ibsen Pinheiro (PMDB) e o ex-prefeito de Porto Alegre José Fortunati (PDT).
Emocionado, Simon relembrou a destituição de Sereno da prefeitura da Capital pelo regime militar:
– O Sereno tem um histórico de vida da maior importância. Lembro que ele, com (Leonel) Brizola e Jango, lançou o PTB e foi escolhido prefeito de Porto Alegre. Foi uma eleição importante, bonita. Mas, 90 dias depois de tomar posse, foi cassado. Muitas pessoas insistiam para que ele pedisse exílio no Uruguai, mas ele nunca aceitou. Teve uma atitude muito digna e positiva.
Ao lado de Brizola, Sereno ajudou a fundar o PDT. Mais tarde, em 2000, ano em que o partido decidiu abandonar a administração de Olívio Dutra no governo estadual, os antigos aliados romperam definitivamente. Sereno passou a integrar, então, o PT.
– O Sereno era uma pessoa, como o próprio nome diz, calma, mas com muita reflexão sobre as coisas. Foi um político da melhor qualidade, baseado na franqueza e na observação lúcida. Lembro de uma ocasião em que perguntaram o que ele faria com aqueles que lhe destituíram, no golpe de 1964. Ele disse "olha, eu tenho nas mãos poucas flores e nenhuma pedra". Essa era a figura do Sereno – recordou Olívio.
No governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), até 2015, Sereno ocupou postos da Companhia de Geração Térmica de Energia Elétrica (CGTEE) e esteve na presidência da estatal. Ex-colega na gestão petista, Rossetto também prestou a sua homenagem:
– Foi um grande amigo, um homem digno, que deixou a sua memória na história política do Estado e do Brasil. Ele honrou a sua condição de político e cidadão, era um profundo defensor do nosso país e do nosso povo.