Em mais um gesto de aproximação com o governo, o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), disse que a maior "demonstração do seu bom senso" e do gesto de boa vontade com o presidente Michel Temer foi não criticar a indicação do ex-ministro da Justiça Osmar Serraglio para o Ministério da Transparência nesta segunda-feira (29). Serraglio acabou recusando o cargo nesta terça-feira (30).
– Ao não comentar essa nomeação, tive um gesto importante com o governo nesse momento complicado – disse Renan.
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Há cerca de três meses, Renan já havia criticado a escolha de Serraglio para a pasta da Justiça, por considerar que ele é um dos aliados do deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso em Curitiba. Segundo ele, Cunha chantageava o presidente Temer.
– Em que outra circunstância o Osmar seria ministro da Justiça? – questionou o alagoano na época.
Renan afirmou à imprensa nesta terça que elogiou a escolha de Torquato Jardim para o Ministério da Justiça como uma "questão de Justiça" com Temer.
– O presidente da República teve muita dificuldade com o ministro da Justiça anterior (Osmar Serraglio), mas agora indicou um ministro que tem perfil para tal. A sensatez, a responsabilidade e o bom senso recomendavam que eu fizesse esse registro – declarou.
Na semana passada, Renan disse a Temer, por meio de emissários, que queria que ele assumisse o "protagonismo" de sua sucessão, para escolher um candidato para uma eventual eleição indireta que endurecesse as reações contra a Operação Lava-Jato, além de já negociar as trocas no comando da Polícia Federal e do Ministério Público Federal.
Nesta terça, Renan também voltou a elogiar a visita de Temer a Alagoas, o que melhorou a relação entre os dois, e pediu mais apoio do governo federal para investimento em obras do seu Estado.
PMDB
Na eminência de ser afastado da liderança do partido, Renan disse que a reunião desta terça-feira será muito boa para fazer uma avaliação da condução do partido e de como a sigla deve agir sobre as medidas econômicas do governo Michel Temer. Nos bastidores, o líder da bancada alega que não é contra o presidente Temer – e sim contra as reformas do governo.
– É uma oportunidade para que a gente possa conversar com todo mundo e ver, com humildade, quem tem mais condições de exercer a liderança do partido nesse momento. Se for eu, não tem o que fazer, eu topo o desafio – declarou a jornalistas.
Renan afirmou que não procurou nenhum correligionário em busca de apoio, pois avalia que tudo será resolvido na conversa desta terça.
– Quero me colocar à disposição de todos para que a gente possa, com essa condução ou qualquer condução, qualificar o PMDB e fazer a inserção nesse processo que é difícil da vida nacional.
*Estadão Conteúdo