Um dos aliados mais fiéis do presidente Michel Temer, o deputado Carlos Marun (PMDB-MS) anunciou, nesta segunda-feira (22), que está articulando a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre a delação dos executivos do grupo J&F, que controla a JBS.
O parlamentar nega que a medida seja um ataque à Procuradoria-Geral da República (PGR), que tem inquérito aberto contra Temer. Segundo Marun, o acordo precisa ser esmiuçado porque houve “benevolência inédita”.
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Marun disse que as assinaturas de parlamentares para a abertura da CPI começarão a ser coletadas nesta terça-feira (23), e já há “fila de interessados”. Além do PMDB, o PP já teria anunciado apoio à abertura da investigação parlamentar.
– A decolagem deste aviãozinho da alegria indignou muita gente – disse Marun, em referência à viagem de Joesley Batista, um dos donos do grupo J&F ao exterior, que foi autorizada pelo acordo.
O parlamentar disse que, ao abrir a CPI, estará “atendendo aos reclames da população”. Para Marun, o acordo configura uma “anistia ampla, geral e irrestrita a criminosos confessos”. Segundo ele, a bancada do PMDB na Câmara chegou a avaliar um pedido de anulação do acordo, mas entendeu que isso seria “precipitado”.
Nos próximos dias, comissões da Câmara devem convocar os presidentes da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e da Bovespa para repercutir os impactos da delação da JBS no mercado financeiro.