O império dos irmãos Batista não se restringe à proteína animal. Em uma operação para entregar R$ 30 milhões à campanha de Fernando Pimentel (PT) ao governo estadual de Minas Gerais, em 2014, ele se tornou dono de 3% do estádio Mineirão, um dos templos do futebol nacional e palco dos 7 x 1 sofridos pelo Brasil ante a Alemanha na Copa de 2014.
A operação foi descrita por Joesley na delação premiada feita junto à Procuradoria-Geral da República (PGR).
O empresário controlava duas contas usadas para gastos do PT em campanhas eleitorais. Quando os fundos já estavam quase zerados, com os gastos batendo próximo de US$ 150 milhões, Joesley conta ter sido procurado por Edinho Silva, tesoureiro da campanha de Dilma em 2014. Ele passou a cobrar o repasse de R$ 30 milhões a Pimentel.
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– O Edinho não tinha esse poder para me pedir. Eu fui no Guido (Mantega, ex-ministro da Fazenda) e ele me disse que isso era com a presidente Dilma. Eu estive com a Dilma, fui explícito com ela. Contei tudo, que tinha duas contas, uma que o Guido falou que era sua (Dilma) e outra do Lula. E já acabou o dinheiro. (...) E ainda estavam pedindo mais 30. Se fizer esses 30, acaba. Ela disse que era importante fazer – detalhou o executivo.
Acatado o pedido da presidente, então candidata à reeleição, Joesley tratou de resolver o assunto com brevidade. O dinheiro das contas que ele gerenciava resultava das propinas pagas pela empresa em troca de vantagens em operações no BNDES.
– No mesmo dia eu peguei o avião, fui no Pimentel, encontrei ele no aeroporto. Falei que tava tudo certo. (...) Para viabilizar (o pagamento da propina), ele me apresentou um sujeito de uma construtora em que eu comprei 3% do Mineirão. Nem time de futebol eu tenho, imagina comprar estádio. Essa pessoa fez um contrato de venda, somos donos de 3% do Mineirão. Esse rapaz, de alguma forma, passou o dinheiro ao Pimentel. Foi pago por transferência bancária – contou Joesley em depoimento gravado aos procuradores.