Testemunhas de acusação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, arroladas pelo Ministério Público Federal, vão depor nesta segunda-feira (8) ao juiz federal Sergio Moro, da Operação Lava-Jato na primeira instância, no âmbito da ação penal que investiga se a compra da sede do Instituto Lula pela Odebrecht está relacionada a lavagem de dinheiro de propinas de oito contratos da construtora com a Petrobras.
Entre as testemunhas deverão depor nesta segunda estão o empresário Ricardo Pessoa, da UTC Engenharia, e o executivo Marcos Pereira Berti, da Toyo Setal. Também foram convocados pelo Ministério Público Federal, na acusação a Lula, Elton Negrão de Azevedo Júnior, ex-diretor da Andrade Gutierrez, e o operador Zwi Skornicki, em delação premiada.
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Nesta denúncia, a propina – equivalente a porcentuais de 2% a 3% dos oito contratos celebrados entre a Petrobras e a Construtora Norberto Odebrecht S/A –, totaliza R$ 75.434.399,44.
Este valor teria sido repassado a partidos e a políticos que davam sustentação ao governo de Lula, especialmente o PT, o PP e o PMDB, bem como aos agentes públicos da Petrobras envolvidos no esquema e aos responsáveis pela distribuição das vantagens ilícitas, em operações de lavagem de dinheiro que tinham como objetivo dissimular a origem criminosa do dinheiro.
Parte do valor das propinas que teriam sido pagas pela Odebrecht S/A "foi lavada mediante a aquisição, em benefício do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do imóvel localizado na Rua Dr. Haberbeck Brandão, nº 178, em São Paulo (SP), em setembro de 2010, que seria usado para a instalação do Instituto Lula", diz a força-tarefa da Lava-Jato.
O acerto do pagamento da propina supostamente destinada ao ex-presidente teria sido intermediado pelo então deputado federal Antonio Palocci – ex-ministro (Fazenda/Casa Civil dos Governos Lula e Dilma), com o auxílio de seu assessor parlamentar Branislav Kontic. Segundo a Procuradoria da República, Palocci e Branislav mantinham contato direto com o empreiteiro Marcelo Odebrecht "a respeito da instalação do espaço institucional pretendido pelo ex-presidente".
*Estadão Conteúdo