Dias após ouvir o ex-presidente Lula como réu na Lava-Jato, o juiz federal Sérgio Moro participou deste sábado de palestra no Brazil Forum UK, em Londres. Segundo o jornal O Globo, Moro foi recebido sob uma mistura de vaias e aplausos. Em sua fala, disse que "julgamentos não são políticos" e defendeu uma aplicação "ortodoxa da lei".
– Se o juiz for julgar pensando na consequência política, ele não está fazendo seu papel de juiz. Acho que muitas vezes tem essa confusão. Como esse caso envolve pessoas poderosas, crime de elevada dimensão, se faz uma confusão no sentido de que julgamentos são políticos, quando eles não são.
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O ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo também esteve no evento. Sentados lado a lado, o juiz brincou falando que as pessoas esperavam que houvesse um confronto entre os dois, mas que ele não deu "nem uma cotovelada" no colega.
Já Cardozo, que falou pela primeira vez após as acusações de Mônica Moura contra si, negou ter vazado informações à Dilma de forma ilegal.
– Talvez no desespero de conseguir redução de pena, ela tenha inventado situações. Eu nunca dei para a presidenta Dilma Rousseff qualquer informação privilegiada, jamais. Nem recebia. Essa informação não o menor amparo na realidade e quem pode responder isso é a Polícia Federal e o Ministério Público.
O ex-ministro ainda se posicionou contra as prisões cautelares, ao qual considera medidas extremas.
– As medidas restritivas de liberdade cautelar, as prisões, só podem ser aplicadas quando nenhuma outra medida pode ser aplicada. Por que isso foi feito? Não era para proteger políticos, mas para proteger pobres que eram colocados diariamente na cadeia, como ainda são. A pena restritiva de liberdade é extremíssima, só quando não há outra alternativa. 50% da população prisional brasileira é de presos provisórios.