O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou nesta terça-feira que aqueles que negam a existência de um déficit na Previdência usam um argumento "falacioso".
– Se considerarmos só as despesas do INSS, aí sim você poderia indicar enganosamente um superávit. Mas se considerar todas as despesas relacionadas à seguridade social, o déficit é de R$ 150 bilhões – rebateu o ministro, após participar de evento em São Paulo, organizado pelo jornal britânico Financial Times.
Leia mais:
Meirelles diz que pagamento de juro como proporção do PIB caiu para 6,2%
No Brasil, 96% dos PMs se aposentam antes dos 50
Os principais pontos que podem ser negociados na reforma da Previdência
Ainda sobre a Previdência, o ministro afirmou que tem feito reuniões com parlamentares de partidos da base aliada do governo, "não da oposição", e disse que o debate é intenso.
– Estamos bastante confiantes na aprovação da reforma – declarou.
Questionado sobre a retirada dos servidores estaduais e municipais da proposta de reforma enviada pelo governo, Meirelles reforçou a tese do governo de que a exclusão destas categorias foi uma tentativa de respeitar a autonomia dos entes da federação, que, conforme disse, devem fazer as suas próprias reformas.
Em relação à idade mínima de 65 anos, o ministro saiu em defesa da regra ao argumentar que os mais pobres já se aposentam com essa idade porque não conseguem o benefício por meio do tempo mínimo de contribuição, uma vez que, por serem menos escolarizados, têm menos acesso ao mercado de trabalho formal.
Além disso, Meirelles voltou a reforçar que a reforma da Previdência tenta garantir a estabilidade fiscal e evitar que as contas do governo federal cheguem à situação de calamidade financeira vivida pelo Estado do Rio de Janeiro.
– O importante é que todos tenham a garantia de que receberão a aposentadora – afirmou.
Ao comentar a previsão do governo de chegar ao quarto trimestre de 2017 com um crescimento econômico de 2,7% em relação aos últimos três meses de 2016, Meirelles destacou que, se confirmada, a expansão representará uma "mudança extraordinária" no comportamento da economia brasileira, após lembrar que o PIB recuou 3,6% no ano passado.
*Estadão Conteúdo