O governo vai tentar votar ainda nesta quarta-feira um novo requerimento de urgência para acelerar a tramitação da reforma trabalhista na Câmara. A pressa para aprovar o texto passa pelo temor de que as manifestações convocadas pela oposição para o próximo dia 28 façam os deputados da base desistirem de apoiar o projeto.
– Eu estou avisando, se não aprovarem a urgência do projeto, a reforma pode ir para as calendas – disse o relator do texto, deputado Rogério Marinho (PSDB-RN), usando uma expressão que significa adiar algo para uma data que nunca há de vir.
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As centrais sindicais convocaram para o próximo dia 28 uma greve geral contra as reformas da previdência, trabalhista e a aprovação da Lei da Terceirização irrestrita. Um interlocutor do governo afirma que, se a mobilização for muito grande, poderá fazer com que deputados desistam de apoiar as reformas, por medo da pressão popular.
A derrota durante a votação do requerimento de urgência nesta terça-feira surpreendeu o Palácio do Planalto, que vê a aprovação da reforma trabalhista como um termômetro para o apoio que o governo vai ter nas mudanças da Previdência.
O governo precisava de 257 votos a favor, mas conseguiu apenas 230. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), assumiu a responsabilidade da derrota e disse que cometeu um erro ao colocar o projeto em votação quando não havia número suficiente de deputados no plenário.
Nesta quarta, ele afirmou que a votação serviu de alerta para a base aliada perceber que precisa "ficar mais atento para não levar susto". O líder do governo na Câmara, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), começou o dia ligando para líderes da Casa para garantir a aprovação da urgência.
Se não conseguir aprovar o requerimento nesta quarta, a tramitação da reforma deve atrasar, pois o texto terá que seguir prazos regimentais e poderá ser votado na comissão somente daqui a duas semanas. A ideia do governo, porém, é aprovar o projeto no plenário da Câmara já na próxima semana.
Votação no dia seguinte a 1º de maio não representa risco, diz Arthur Maia
O relator da reforma da Previdência, deputado Arthur Oliveira Maia (PPS-BA), avaliou que o fato de a votação de seu relatório ter sido marcada para o dia 2 de maio, depois do feriado do Dia do Trabalhador, não representa um risco. Nessa data, estão previstos protestos em todo o país contra a reforma.
– Mas o protesto vai ser dentro da Comissão? – ironizou.
Ele avaliou como favorável o acordo fechado entre as lideranças governistas e a oposição para o início da votação no dia 2 de maio, sem obstrução até lá.
– Desde quando fazer acordo é derrota? É um acordo favorável para votar a PE – disse.
Oliveira Maia também rebateu a avaliação de que a seu parecer desidratou a proposta original de reforma da Previdência.
– Como desidratou? O parecer só faz aumentar – ressaltou.
*Estadão Conteúdo