O empresário Emílio Odebrecht, patriarca da Odebrecht, confessou em delação premiada que pediu ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que ele interviesse com o ex-presidente da Venezuela Hugo Chávez, que morreu em 2013, em defesa do grupo, que estava ameaçado pela Andrade Gutierrez, em obra da Usina Hidrelétrica de Tocoma.
O termo 24 de Odebrecht trata sobre anotação que havia sido apreendida com o presidente afastado do grupo, Marcelo Odebrecht – preso desde 19 de junho de 2015. A anotação registrava: "Lula vs Ven e comentário AG".
"Essa nota refere-se ao pedido que Marcelo me fez de falar com o ex-presidente Lula sobre a interferência que algumas pessoas ligadas ao governo do Brasil estavam fazendo junto ao governo da Venezuela em favor da Andrade Gutierrez", registra o anexo 24, da delação do empresário.
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"Acredito que as empresas devem conquistar contratos e espaço em outros países em função das suas competências técnicas e negociais", afirma. "Porém, acredito, da mesma forma, que o governo de origem não deve privilegiar uma determinada empresa em detrimento de outra (s). Era o que, aparentemente, estava acontecendo no caso".
No anexo entregue à Procuradoria-Geral da República (PGR), que antecede o testemunho filmado, em que ele enumera temas que pode revelar, Emílio Odebrecht disse que não se recordava se tratou do assunto com o ex-presidente, "mas muito provavelmente" o fez.
Ao ser interrogado pelos procuradores, o empresário confirma que falou com Lula sobre o assunto. "Cheguei a ter a oportunidade, a pedido de Marcelo, de conversar com ele próprio Lula, de que isso não podia estar acontecendo." "No fundo, foi uma reclamação de que o governo dele estava, em detrimento de outras, estava privilegiando uma em um negócio, em uma licitação. Houve na área da siderúrgica e na de uma hidrelétrica".
O procurador da República quis saber se ele foi mesmo falar com o ex-presidente e qual foi a resposta. "Falei." Emílio Odebrecht afirmou que Lula "ouviu". "E disse 'Você tem toda razão e vou verificar o que está acontecendo'. Ele procurou minimizar, achando que não era".
Emílio Odebrecht afirmou que teria dito a Lula que não levava a ele "coisas que eu não tenho confirmado". De acordo com o empresário, era "o Itamaraty" que apoiaria a Andrade Gutierrez. "Não só o Itamaraty, como pessoas de dentro do Planalto". O delator afirmou não ter descoberto quem no governo. Emílio Odebrecht disse que a Odebrecht venceu uma das obras.
*Estadão Conteúdo