A ex-presidente Dilma Rousseff voltou a afirmar que foi vítima de um "golpe parlamentar" e previu para os possíveis cenários da disputa ao Planalto, em 2018. Em visita a Washington, nos Estados Unidos, a petista reconheceu a possibilidade da vitória de um candidato de fora da política – um "outsider", como Donald Trump.
– Há alguns anos, eu diria que é impossível (a vitória de um outsider). Agora, posso dizer que é muito possível. Na verdade, posso apontar algumas figuras semelhantes a Trump – avaliou Dilma em entrevista à coluna WorldView, do jornal Washington Post.
Como exemplo, a ex-presidente citou João Doria (PSDB-SP), empresário com pouco experiência na política que venceu a eleição para a Prefeitura de São Paulo a partir da imagem construída como homem de negócios – mesma origem política de Trump. Dilma também fez referência ao deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ), que já fez elogios públicos ao presidente norte-americano, como postulante ao Planalto.
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De acordo com a ex-presidente, o Brasil está sob a influência de uma "tendência de direita" como ocorre nos Estados Unidos e na Europa. Dilma sustenta que as crises econômicas e o avanço da desigualdade alimentaram a raiva contra os políticos e impulsionaram a ascensão do populismo no mundo.
– Quando o governo se torna irrelevante, a política se torna irrelevante – afirmou. – Isso abre espaço para que os salvadores da pátria apareçam, para a política que apenas usa símbolos e marketing político e tem uma estratégia baseada no pós-verdade.
Além disso, a ex-presidente frisou a necessidade de novas eleições para substituir o governo "ilegítimo" de Michel Temer, sucessor da petista na presidência após o impeachment.
– Não há nenhum lado correto na história que não seja o lado democrático – disse ao Washington Post.
Impeachment
Aos 69 anos, Dilma afirma que foi vítima de uma precipitação tumultuada em meio à crise financeira mundial e do cinismo dos opositores políticos. A ex-presidente foi julgada por utilizar bancos estatais para financiar programas sociais sem a autorização do Congresso.
Em entrevista ao jornal, a petista, rebateu as acusações afirmando que as medidas permitiram retirar milhões de pessoas da pobreza. Dilma ainda reiterou que a sua relutância em negociar com políticos como o ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, a transformaram em "uma mulher dura e insensível na política".