Após ouvir dois ex-executivos e o ex-presidente da Odebrecht na semana passada, o ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Herman Benjamin retoma, nesta segunda-feira, os depoimentos sobre o processo que pede a cassação da chapa Dilma-Temer. Estão previstas oitivas do ex-vice-presidente de Relações Institucionais da empreiteira, Claudio Melo Filho, e do ex-diretor de Relações Institucionais, Alexandrino Alencar.
Além dos ex-executivos, o ministro do TSE convocou Hilberto Mascarenhas Alves da Silva Filho, ex-funcionário da Odebrecht que cumpre prisão em domicílio e que é apontado como comandante do setor criado na empresa para pagamento de propina a políticos e agentes públicos, o chamado departamento de "Operações Estruturadas". A expectativa é de que eles relevem mais informações sobre o repasses da empreiteira à campanha presidencial de Dilma Rousseff e Michel Temer, em 2014.
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De acordo com o jornal O Globo, o teor dos depoimentos desta segunda-feira pode definir a estratégia que a equipe jurídica do presidente Michel Temer deverá utilizar, que estuda pedir a anulação dos testemunhos dos ex-executivos. A defesa do peemedebista alega que a convocação de Marcelo Odebrecht e de outros investigados que ocuparam cargos na diretoria da empreiteira se baseia em ato ilegal, já que os depoimentos não poderiam ter partido do vazamento da delação de Claudio Melo Filho. O acordo de delação do ex-executivo foi divulgado em dezembro do ano passado.
Conforme a publicação, a defesa de Temer já registrou em ata um protesto formal contra a convocação dos ex-funcionários da empresa durante a primeira sessão de depoimentos. No entanto, a equipe do presidente espera que as declarações de Claudio Melo Filho, Alexandrino Alencar e Hilberto Mascarenhas sigam a mesma lógica da versão apresentada por Marcelo Odebrecht. A avaliação dos advogados de Temer e de aliados é de que as informações prestadas pelo ex-presidente da maior empreiteira do país foram favoráveis ao peemedebista.
Na última quarta-feira, ao TSE, Marcelo Odebrecht afirmou que 80% das doações para a chapa Dilma-Temer foram feitas por meio de caixa 2. Na quinta-feira, o ex-executivo Benedicto Júnior disse que a empresa usou o Grupo Petrópolis, da cervejaria Itaipava, para doar R$ 40 milhões a campanhas de partidos da base da coligação vencedora das eleições em 2014. Também na quinta, o ex-diretor da Odebrecht Ambiental, Fernando Cunha Reis, relatou que R$ 4 milhões foram pagos ao PDT para que o partido ingressasse a chapa Dilma-Temer no último pleito presidencial.