A Câmara dos Deputados só votará o projeto que regulamenta a terceirização a partir de 21 de março, afirmou nesta sexta-feira o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ) à Agência Estado. De acordo com o parlamentar fluminense, o "atraso" na votação se deve ao fato de que a negociação sobre as "garantias" aos trabalhadores ainda não foi concluída com as centrais sindicais.
– Terceirização vamos votar dia 21 o texto da Câmara. Na próxima semana, vamos negociar os artigos do texto do Senado – afirmou Maia.
Leia mais
Para Rodrigo Maia, Justiça do Trabalho "não deveria nem existir"
Meirelles diz que para reduzir idade de aposentadoria das mulheres seria necessário aumentar a dos homens
Oposição na Câmara começa a coletar assinaturas para criar CPI da Previdência
O texto da Câmara a que ele se refere é um projeto do Executivo de 1998, considerado pelas centrais sindicais como "menos rigoroso". Já o projeto do Senado sobre o tema é o texto que foi aprovado pelos deputados em 2015, que prevê mais garantias.
Como mostrou a Agência Estado na última quarta-feira, a oposição não aceitou acordo sobre a terceirização e pretende obstruir a votação. A proposta de Maia aos opositores é votar os dois projetos sobre o tema e negociar futuros vetos presidenciais.
A votação simultânea possibilitaria aprovar o texto que o governo prefere no projeto de 1998 e as garantias que a oposição pede no de 2015. O projeto de 1998 não pode mais ser alterado. Isso porque a proposta já passou uma vez pela Câmara em 2000 e pelo Senado em 2002.
Nessa segunda votação, deputados só poderão aprovar integral ou parcialmente o texto dos senadores ou retomar a redação aprovada em 2000 pela Câmara. Com isso, a alternativa mais rápida para aprovar as salvaguardas aos trabalhadores seria incluí-las no projeto de 2015, que ainda pode passar por alterações.
– Eles (Maia e Jucá) estão querendo terceirizar o processo legislativo ao governo – reagiu o deputado Orlando Silva (PC do B-SP). Entre as garantias exigidas pela oposição e pelas centrais sindicais estão a responsabilidade solidária das empresas contratantes a calotes que as contratadas venham a dar nos trabalhadores, regras para evitar substituição de celetistas por pessoas jurídicas e igualdade de direitos entre os contratos diretos e os terceirizados.
Pauta
Sem a votação do projeto da terceirização, Rodrigo Maia afirmou que a Câmara deve votar na semana apenas projetos de consenso, remanescentes da pauta da última semana. O presidente da Casa afirmou que tentará iniciar a discussão sobre o projeto que cria um programa de recuperação fiscal para Estados falidos.
*Estadão Conteúdo