Funcionários da rede de restaurantes Madero relataram à Polícia Federal episódios de extorsão e dificuldades para liberação de licenças sanitárias por parte de fiscais agropecuários. Os servidores chegaram a levar picanha, hambúrgueres e filé mignon da fábrica da empresa. O esquema de pagamento de propinas foi relevado pela Operação Carne Fraca nesta sexta-feira. As informações são do jornal Gazeta do Povo.
A prática foi confirmada nas investigações da Polícia Federal e, conforme o delegado federal Maurício Moscardi Grillo, demonstram uma "situação de extorsão clara".
– Dois fiscais exigiam propina para poder não embaraçar o funcionamento da empresa mesmo não havendo, pelo menos em tese, um motivo para isso. Então, criaram circunstâncias, começaram pedindo alimentos, picanha, por mais vergonhoso que seja, a ponto de ficar muito caro para a própria empresa ceder a picanha. Você imagina a quantidade que acontecia – detalhou o delegado durante coletiva na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba.
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Ainda segundo a reportagem da Gazeta do Povo, de acordo com os relatos de funcionários do Madero, inicialmente os servidores públicos se apropriavam de mercadorias como hambúrgueres e peças de carnes nobres. O material era colocado no porta-malas do veículo dos próprios agentes. Depois, os fiscais passaram a pedir dinheiro.
Por meio de nota, o presidente da rede Madero, Junior Durski, se diz "imensamente orgulhoso e feliz por ter contribuído com a Polícia Federal" através dos depoimentos "explicitando as extorsões dos fiscais do Ministério da Agricultura" na empresa. Ainda conforme Durski, esse é um dever "como cidadãos brasileiros, pois ajuda a passar o Brasil a limpo, tornando-o um lugar mais digno e decente para que as nossas crianças cresçam e se alimentem de produtos e conceitos bons".
*Estadão Conteúdo