O relator do projeto da terceirização – aprovado na Câmara na quarta-feira– , deputado Laércio Oliveira (SD-SE), afirmou que a maioria dos trabalhadores do País no setor de asseio e conservação é do sexo feminino porque "ninguém faz limpeza melhor do que a mulher". A declaração foi feita durante debate promovido nesta quinta-feira, pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
– Somente no setor básico, asseio e conservação, é unanimidade, se terceiriza em todo lugar. Somente nessa atividade tem mais de dois milhões de trabalhadores, 60% dessa mão de obra é feminina, porque faz limpeza. E ninguém faz limpeza melhor do que a mulher. À exceção de mim, que sou muito bom – disse.
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Ele também falou sobre o sexo feminino ao falar sobre a modalidade de contratação do home office. Para Laércio, é preciso conhecer a mulher do trabalhador para entender se o ambiente do trabalho remoto será propício para desenvolver as atividades ou estressante.
– Eu vi um comentário nesta semana que a gente tem de estar preocupado com o trabalhador que vai trabalhar dentro dessa modalidade de contratação, porque precisa entender a mulher dele. Como é a mulher dele? Ela vai ser uma pessoa agradável e trazer um cafezinho de vez em quando ou vai ficar reclamando com ele: 'Acaba esse negócio aí, venha pegar o menino e trocar a roupa do menino? E o cachorro, vai lá caminhar com o cachorro – comentou em tom de brincadeira.
Laércio disse ainda que a oposição plantou "inverdades" sobre o projeto, como a informação de que as mulheres seriam as mais prejudicadas com a aprovação do texto.
– Eu questionava: "onde está o fundamento dessa argumentação?" Ninguém tinha.
Segundo a assessoria de imprensa de Laércio, o deputado foi "mal interpretado" e ficou "surpreso" com a repercussão das declarações. "O deputado sempre diz que as mulheres são dedicadas e minuciosas no desempenho de todas as atividades. Inclusive, todos os funcionários do gabinete dele em Brasília são mulheres. Ele sempre fala isso em relação às atividades laborais em geral. Contudo, a fala foi retirada de uma afirmação cujo questionamento foi feito em relação ao trabalho na área do asseio e conservação e, portanto, pede desculpas a todas as mulheres, caso tenha sido mal interpretado", diz a nota divulgada pelo assessoria.
Na quarta-feira à noite, o plenário da Câmara aprovou o projeto de lei de 1998 que permite terceirização irrestrita em empresas privadas e no serviço público. A proposta também amplia a permissão para contratação de trabalhadores temporários, dos atuais três meses para até nove meses – seis meses, renováveis por mais três.
*Estadão Conteúdo