Eleito para um mandato tampão há quase sete meses, Rodrigo Maia (DEM-RJ) seguirá na presidência da Câmara por mais dois anos. Fortalecido pelo revés no Supremo Tribunal Federal (STF) das ações que tentavam barrar sua candidatura e apoiado pelo Palácio do Planalto, ele venceu a disputa no primeiro turno. Com 293 votos, foi reconduzido pelos colegas nesta quinta-feira.
Derrotados pelo deputado fluminense, Jovair Arantes (PTB-GO) teve 105 votos, André Figueiredo (PDT-CE) 59, Júlio Delgado (PSB-MG) 28, Luiza Erundina (PSOL-SP) 10 e Jair Bolsonaro (PSC-RJ) quatro.
O resultado da votação consolidou o terreno afável para o presidente Michel Temer no Congresso, com dois aliados nos comandos da Câmara e do Senado – Maia e Eunício Oliveira(PMDB-CE). Em troca do reforço do Planalto em sua campanha, o deputado firmou o compromisso de facilitar o avanço das reformas propostas pelo governo. A prioridade é aprovar a PEC da Previdência.
– Precisamos que essa Casa seja protagonista nas reformas. Um parlamento que entregue em 2018 um país crescendo, gerando emprego e com taxas de juros decrescentes – disse Maia em discurso aos colegas.
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Assim como Eunício, o parlamentar também é citado na delação da Odebrecht. O ex-diretor da empreiteira, Claudio Melo Filho, aponta um repasse de R$ 100 mil a Maia, apelidado de Botafogo, seu clube do coração. Ele nega qualquer irregularidade e destaca que suas doações eleitorais foram declaradas à Justiça.
A possibilidade do presidente da Câmara se tornar alvo de inquérito no STF dentro da Lava-Jato, repetindo a situação de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), não arrefeceu a força da campanha. Para pavimentar sua reeleição, Maia também contou com o apoio de parte da oposição, inclusive de deputados do PT, seus adversários na discussão do impeachment.
O parlamentar está à frente da Câmara desde julho do ano passado, quando venceu Rogério Rosso (PSD-DF) na eleição realizada após a renúncia de Cunha (PMDB-RJ) da presidência da Casa. Na curta gestão, um dos momentos mais polêmicos foi a votação na madrugada que desfigurou o pacote de medidas contra a corrupção. No discurso em que defendeu sua nova candidatura, Maia destacou que construiu com harmonia a pauta em um momento em que o acirramento entre as bancadas era alto.
Se a previsão inicial de Maia era repassar a cadeira de presidente em fevereiro deste ano, ele encontrou uma brecha jurídica para continuar no cargo. Pelo regimento, é proibida a reeleição dentro da mesma legislatura. Contudo, ele alega que a regra não lhe afeta, porque cumpriu um mandato tampão.
A candidatura foi contestada por adversários em ações no STF, mas uma decisão na véspera da eleição facilitou a vitória. Em caráter liminar, o ministro Celso de Mello avalizou a presença de Maia no pleito. O magistrado argumentou que a divergência na interpretação do regimento deve ser tratada pela Câmara. Aliás, o presidente reeleito criticou a postura dos colegas.
– O ator principal da nossa eleição foi o poder Judiciário. Por incrível que pareça, por decisão dos próprios políticos. Essa é questão que vem a cada dia enfraquecendo a nossa Casa. Todas as nossas decisões acabam sendo levadas ao Judiciário – afirmou.
Aos 46 anos, no quinto mandato de deputado federal, o presidente está no ápice da carreira política construída à sombra do pai, o ex-prefeito do Rio de Janeiro Cesar Maia. Filiado ao PFL, Rodrigo seguiu na legenda quando ela trocou o nome para DEM. Ele é genro de Moreira Franco, secretário que cuida das concessões do governo Temer e um dos principais conselheiros do peemedebista.
Maia nasceu no Chile, onde o pai estava exilado durante a ditadura, mas foi registrado no consulado do Brasil. Bancário, iniciou a faculdade de economia e não concluiu o curso. Aos 26 anos, foi alçado ao cargo de secretário de governo no Rio, na administração do prefeito Luiz Paulo Conde (1997-2000), eleito graças ao apoio de Cesar Maia. Dois anos depois, conseguiu nas urnas o primeiro mandato de deputado federal.
Reeleito em 2002, 2006, 2010 e 2014, Maia era próximo de Cunha e habitué do gabinete do deputado cassado. Incentivou o aliado a aceitar o pedido de impeachment de Dilma Rousseff. Afastada a petista, se distanciou de Cunha e depois lhe sucedeu no comando da Câmara.
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