O ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha deu sinais, no ano passado, de que sabia do episódio do pacote que o ex-assessor especial da Presidência da República e amigo pessoal do presidente Michel Temer, o advogado José Yunes, diz ter recebido a mando do ministro Eliseu Padilha. Nesta semana, Yunes resolveu falar sobre o assunto para contestar a versão do engenheiro da Odebrecht Cláudio Melo, que, em delação premiada, afirmou que o adovgado recebeu em seu escritório propina destinada a campanhas peemedebistas.
Em novembro, Cunha enviou 41 perguntas a Temer, arrolado como sua testemunha de defesa. Duas delas faziam menção direta a Yunes e uma terceira complementa as questões.
35 – Qual a relação de Vossa Excelência com o Sr. José Yunes?
36 – O Sr. José Yunes recebeu alguma contribuição de campanha para alguma eleição de Vossa Excelência ou do PMDB?
37 – Caso Vossa Excelência tenha recebido, as contribuições foram realizadas de forma oficial ou não declarada?
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Analisadas pelo juiz Sergio Moro, 21 das perguntas foram vetadas, sob a justificativa de serem "inapropriadas". Entre elas, estão as que mencionam Yunes.
"(As perguntas) tinham, em cognição sumária, por motivo óbvio constranger o Exmo. Sr. Presidente da República e provavelmente buscavam com isso provocar alguma espécie intervenção indevida da parte dele em favor do preso", justificou Moro à época sobre os vetos.
As demais 20 questões foram respondidas por escrito pelo presidente de forma sucinta. A Justiça negou o pedido de liberdade feito pela defesa de Cunha.
Entenda o caso
Assessor especial da Presidência da República até o final do ano passado e amigo pessoal do presidente Michel Temer há mais de 40 anos, o advogado José Yunes disse que intermediou o recebimento de um "envelope" a pedido do ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, que saiu de licença nesta quinta-feira e fará uma cirurgia em Porto Alegre.
A encomenda, segundo ele, teria sido entregue em setembro de 2014 – pouco antes da eleição presidencial na qual a chapa Dilma-Temer foi reeleita – pelo doleiro Lúcio Funaro, apontado por investigadores da Operação Lava-Jato como operador do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha.
Yunes disse que resolveu falar sobre o assunto para contestar a versão do engenheiro da Odebrecht, Cláudio Melo, que, em delação premiada, afirmou que Yunes recebeu em seu escritório a quantia de R$ 1 milhão para ser repassado para campanhas peemedebistas, via caixa 2. O advogado falou que desconhece o teor do envelope do qual serviu de "mula".