O ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura Benedicto Júnior afirmou, em sua delação premiada à força-tarefa da Operação Lava-Jato, que se reuniu com o senador Aécio Neves (PSDB-MG) para tratar de suposto um esquema de fraude em licitação na obra da Cidade Administrativa de Minas Gerais. À época do encontro, que teria como fim beneficiar grandes empreiteiras, o tucano governava o Estado mineiro. As informações são do jornal Folha de S. Paulo.
Benedicto Júnior disse aos procuradores que Aécio teria orientado as construtoras a procurarem Oswaldo Borges da Costa Filho, colaborador das campanhas do senador que também foi presidente da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig). Com ele, segundo a delação, os empresários teriam acertado como seriam feitos os pagamentos. Segundo apurou a Folha de S. Paulo, o delator disse que o próprio Aécio teria definido quais empreiteiras participariam da licitação da obra.
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No esquema, ainda teria sido acordado o percentual de propina repassado pelas empresas – segundo o delator, os valores teriam ficado entre 2,5% e 3% sobre o total dos contratos. Em nota, Aécio repudiou o teor do relato e defendeu o fim do sigilo sobre as doações "para que todo o conteúdo seja de conhecimento público".
Conforme a Folha de S. Paulo, as declarações do ex-presidente foram confirmadas e complementadas do ex-diretor da Odebrecht em Minas Gerais Sergio Neves. Líder do consórcio com Andrade Gutierrez, OAS e Queiroz Galvão que realizou a obra, a Odebrecht era responsável por 60% dos projeto e construiu um dos três prédios do complexo.
Sede do governo mineiro, a Cidade Administrativa foi projetada pelo arquiteto Oscar Niemeyer e inaugurada em 2010, último ano de Aécio no governo mineiro. Em valores do período, a obra custou R$ 2,1 bilhões, o que a tornou o projeto mais caro do tucano no governo de Minas Gerais.
Benedicto Júnior e Sérgio Neves estão entre os 77 executivos e ex-executivos da Odebrecht que assinaram acordo de delação premiada com a Lava-Jato. Homologadas pela presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia e enviadas à Procuradoria-Geral da República (PGR), o conteúdo dos acordos segue sob sigilo.